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Trump Towers 3 / O projeto executivo é do escritório de Aflalo & Gasperini, de São Paulo. Ver aqui: http://www.cte.com.br/site/noticias_ler.php?id_noticia=8748 e aqui: http://www.aflaloegasperini.com.br/projeto/trump-towers-rio-even-trump-e-mrp

O escritório integrou a equipe que ficou em segundo lugar no concurso do Porto Maravilha (sob a coordenação do arq. Flavio Ferreira), e tem vários projetos de edifícios altos para a área portuária. Como este:























fonte: O Globo

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Mestrado em Arquitetura na PUC-Rio / Uma boa notícia às vésperas do Natal: depois de um longo processo, foi aprovada pela Capes a proposta de criação do Mestrado em Arquitetura da PUC-Rio, encaminhada pelo Departamento de Artes & Design.
 
O Mestrado tem como área de concentração "Projeto de Arquitetura", e duas linhas de pesquisa: "Teoria e História do Projeto" e "Métodos e Processos de Projeto" (esta, com dois eixos temáticos fortes: "Modelagem e Representação" e "Sustentabilidade"). 
 
O corpo docente tem base interdisciplinar e é composto pelos professores Ana Luiza Nobre, Cecilia Cotrim, João Masao Kamita, Marcos Favero e Otavio Leonidio (Teoria e História do Projeto) e Alfredo Jefferson, Elisa Sotelino, Fernando Betim, Luiz Fernando Martha e Maria Fernanda Lemos (Métodos e Processos de Projeto). 

O objetivo é acompanhar e ao mesmo tempo alimentar mudanças na prática projetual da arquitetura, com base na construção de uma relação orgânica entre as disciplinas da Arquitetura, Engenharia, História e Design, e ênfase numa perspectiva marcadamente contemporânea, ancorada em grande parte na reflexão crítica sobre o processo de transformações urbanas em curso na região metropolitana do Rio de Janeiro.

O processo de seleção será aberto em data a ser divulgada no primeiro semestre de 2013, e as aulas devem começar em agosto.  Informações atualizadas estarão no site da PUC-Rio e também aqui, claro.

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Trump Towers 2 / Como um projeto de tamanho impacto para a cidade tem um único arquiteto identificado até agora, e mesmo assim, apenas como membro da "equipe brasileira que desenvolve o projeto"?


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Trump Towers / Que Donald Trump seja bem-vindo, mas procure um arquiteto à altura do Rio.









Mais aqui: http://oglobo.globo.com/rio/grupo-de-donald-trump-anuncia-investimento-bilionario-no-rio-7085404
 
 
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Forte / Depois de ser capa da última edição da revista Monolito, a bela estrutura instalada por Carla Juaçaba no Forte de Copacabana durante a Rio+20 recebeu o prêmio "Revelação" da APCA/Associação Paulista dos Críticos de Artes, que há dois anos vem premiando também projetos de arquitetura. 

Além do "Humanidades", foram premiados este ano: Homenagem pelo conjunto da obra: Paulo Archias Mendes da Rocha; Fronteiras da arquitetura: Montagem da 30ª Bienal de Arte de São Paulo / Metro; Obra de arquitetura: Praça das Artes / Brasil Arquitetura e Marcos Cartum; Cliente/promotor: Carlos Augusto Calil / Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo; Projeto referencial: Hidroanel São Paulo / Alexandre Delijaicov, André Takiya e Milton Braga; e Urbanidade: Héctor Vigliecca.

O júri foi composto por Abílio Guerra, Fernando Serapião, Guilherme Wisnik, Maria Isabel Villac, Mônica Junqueira de Camargo, Nadia Somekh e Renato Anelli. 

Carla é professora de Projeto no Curso de Arquitetura da PUC-Rio, e é uma das entrevistadas que está no livro "Entre", lançado ontem na Livraria da Travessa.



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Instalações no Parque Olímpico / Em meio à comoção geral pela morte de Niemeyer, uma notícia importante passou quase desapercebida: depois de um longo processo, a prefeitura divulgou o resultado da licitação pública destinada à seleção dos consórcios responsáveis pela elaboração dos projetos básicos e executivos de três das principais instalações esportivas que ficarão dentro do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca.

Os consórcios envolvem novas parcerias entre escritórios brasileiros e estrangeiros instalados no Brasil. O Centro  de Tênis e o Centro de Esportes Aquáticos serão projetados pelo mesmo grupo: 2016 – Especialistas em Eventos Esportivos. O grupo é encabeçado pela GMP Design e Projetos do Brasil Ltda (escritório sediado na Alemanha, que tem em seu currículo projetos de grande porte como aeroportos, estádios esportivos e estações intermodais em várias cidades da Europa e da China, e no Brasil já desenvolve projetos de estádios de futebol para a Copa do Mundo de 2014: http://pt.gmp-architekten.de/). Também integram o consórcio as empresas SBP do Brasil Projetos Ltda, LUMENS Engenharia Ltda, e Sustentech Desenvolvimento Sustentável Ltda.

O Centro de Tênis terá três ginásios, sete quadras descobertas e seis quadras para treinamento e aquecimento, distribuídos em estruturas permanentes e temporáriasE o Centro de Esportes Aquáticos será uma arena temporária, com capacidade para 18 000 pessoas.

Já o Velódromo - que irá substituir a pista de ciclismo criada para os Jogos Pan-Americanos de 2007, considerada inadequada para atender as exigências olímpicas - será uma instalação permanente, com capacidade para 5 000 espectadores e projeto desenvolvido pelo consórcio Rio Equipamentos Olímpicos, formado pelas empresas ARQHOS-Consultoria e Projetos Ltda; CONEN-Consultoria e Engenharia Ltda; JLA-Casagrande Serviços e Consultoria de Engenharia Ltda; M&T Mayerhofer e Toledo Arquitetura Planejamento e Consultoria Ltda (esta responsável, entre outros projetos, pelo Centro de Convenções da Sul-América, no Rio, e o Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília: http://mtarquitetura.com.br)
 
Como se sabe, o Parque Olímpico é considerado o coração dos Jogos de 2016. Fica numa área de 1.180.000 m2 na Barra da Tijuca e será sede da disputa de 15 modalidades olímpicas e 11 paralímpicas. O projeto do Parque foi objeto de concurso público vencido em 2011 pela firma inglesa Aecom, também responsável pelo projeto do Parque Olímpico de Londres, e as obras estão a cargo do consórcio formado pelas empreiteiras Andrade Gutierrez, Carvalho Hosken e Odebrecht.

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Entre / Quatro alunos alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio (Francesco Bosch, Gabriel Kozlowski, Mariana Meneguetti e Valmir Azevedo) se juntaram, há alguns anos, com o propósito de entrevistar arquitetos atuantes na prancheta e fora dela, pelo Brasil. Fizeram eles mesmos as entrevistas, as fotos e o site (www.entre.arq.br) onde disponibilizaram publicamente o material, que agora felizmente ganha reedição em livro. "Entre - entrevistas com arquitetos por estudantes de arquitetura" (Viana & Mosley, 2012), será lançado esta sexta, dia 14, às 19 hs na Livraria da Travessa, no Leblon. O livro contém 13 entrevistas com arquitetos como João Walter Toscano, João Filgueiras (Lelé) Lima, João Pedro Backheuser, Angelo Bucci, Fernando de Mello Franco, Carlos Teixeira, Guilherme Wisnik e eu, e tem prefácio de João Masao Kamita. Num processo tão acelerado como o que estamos vivendo, muita coisa já mudou desde que as entrevistas foram feitas (3 dos organizadores já se formaram, inclusive). Mas os leitores encontrarão no livro uma boa contribuição para o mapeamento da situação contemporânea da arquitetura no Brasil, do ponto de vista de jovens inteligentes e inquietos que não ignoram nem as oportunidades nem os desafios que sua geração tem pela frente.
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Niemeyer / Aqui, o que escrevi pro blog do Instituto Moreira Salles:
 

Posto 12 / dez 12


1 / Oscar Niemeyer, 1907-2012


O texto que escrevi há dois anos diz mais do que posso dizer agora:

"Niemeyer e a modernidade sem crise


Nenhum arquiteto viveu tanto. Mas quem diria que um arquiteto moderno, aos 102 anos, ainda fosse provocar polêmica com dois projetos inaugurados quase simultaneamente: o Auditório de Ravello, na Itália, e a Cidade Administrativa Tancredo Neves, em Belo Horizonte. O primeiro enfrentou oito ações judiciais ao introduzir um descomunal olho de concreto numa cidade de pouco mais de 2 mil habitantes, onde “a última grande construção datava do século XI”, como frisou o sociólogo Domenico di Masi, maior entusiasta da obra. O segundo tem sido interpelado em função do custo da obra, das motivações políticas da encomenda e até da sua eficiência energética. Mas para além disso, pouco tem sido dito a respeito da sua arquitetura.

A Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves localiza-se à beira da Linha Verde, na região norte de Belo Horizonte. A construção do complexo de 265 mil m2 de área construída visou unificar a administração do Estado de Minas e ao mesmo tempo induzir a expansão da cidade em direção ao norte. Mas o empreendimento tem também fortes motivações políticas, é claro. É uma obra indissociável da política carismática de Aécio Neves e de sua ambição política. Não deve surpreender a ninguém, então, que o neto de Tancredo Neves tenha buscado o arquiteto que definiu simultaneamente a imagem de modernidade de Belo Horizonte e de Juscelino Kubitschek com o conjunto da Pampulha e outras obras que marcam a paisagem urbana da capital mineira. E ainda tenha feito questão de inaugurar a obra no mesmo dia em que o ex-presidente Tancredo Neves completaria100 anos.

O conjunto é composto de cinco edificações autônomas e pouco articuladas, do ponto de vista urbanístico, entre si e com o entorno. O que tampouco chega a ser motivo de surpresa, em se tratando de Niemeyer: à semelhança do Memorial da América Latina, por exemplo, o projeto aposta na criação de um foco de atenção, antes que numa conexão mais estreita com o contexto em que se situa. No caso, o edifício de maior apelo imagético abriga o gabinete do Governador e os demais destinam-se às secretarias, auditório e centro de convivência. O Palácio do Governo revela clara filiação a projetos anteriores de Niemeyer, em particular das sedes italianas da Mondadori e do grupo Fata, os quais por sua vez seguem, com alterações e ajustes, a solução da caixa de vidro envolvida por uma seqüência de arcos, iniciada com o Palácio do Itamaraty. Já as secretarias se acomodam em dois edifícios em curva, com 15 pavimentos cada. De certo modo encontra-se aí, portanto, uma espécie de resumo da obra do arquiteto. Dois de seus traços fundamentais, pelo menos, estão presentes: a forma livre e o virtuosismo estrutural. A liberdade concedida à forma se manifesta nas curvas dos dois edifícios administrativos que se rebatem um sobre o outro. Já a exploração extremada da técnica moderna se mostra mais claramente no Palácio do Governo, que, com seus 146 metros de vão livre (mais ou menos o dobro do vão do Museu de Arte de São Paulo), é alardeado como o maior vão suspenso do mundo. Contando, como sempre, com a solidariedade de um grande engenheiro (José Carlos Sussekind), Niemeyer conseguiu realizar uma estrutura que só pode ser medida pela sua ousadia: 30 cabos de aço mantém em suspenso uma caixa de vidro de 4 pavimentos, que pende das vigas superiores.

A solução não é uma novidade em si – embora distinta, a estrutura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, por exemplo, também foi resolvida, na década de 1950, com uma sofisticada solução atirantada que liberou de apoios o solo e os espaços expositivos. Mas nem por isso a última realização de Niemeyer deixa de impressionar por seu vigor. Há, afinal, uma carga de juventude nesse projeto que decerto contribui para a visibilidade da obra, embora também denuncie um dos problemas cruciais para a produção projetual contemporânea no Brasil: de um modo geral, a arquitetura brasileira não viveu a crise do moderno. Na década de 1950, enquanto o pensamento arquitetônico e urbanístico mundial era forçado a confrontar-se com a crise da modernidade, o Brasil construía Brasília. E no momento seguinte, quando a arquitetura começou a ser interrogada à luz da crítica pós-modernista, o Brasil vivia uma ditadura militar que bloqueava qualquer pensamento crítico. Esse quadro começaria a mudar junto com a abertura política, mas então o pós-modernismo acabaria se tornando aqui uma espécie de chave mestra capaz de oferecer saída fácil para um grande impasse: de um lado, a reverência à obra ímpar de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, de outro, a constestação própria de uma geração de arquitetos formados no período mais negro da ditadura militar (num processo protagonizado justamente por alguns arquitetos mineiros).

Pode-se então culpar Niemeyer por certo imobilismo da arquitetura no Brasil? Definitivamente, não. Tudo indica que se a arquitetura brasileira permaneceu alheia à crise do moderno, foi porque ficou entre uma prática capitalista predatória e uma reflexão teórica pobre e coercitiva na qual se expressou, desta vez pela via da esquerda, uma tônica populista e autoritária continuamente reeditada no Brasil.

Será um erro contratar Niemeyer hoje? Longe disso. Nenhum arquiteto brasileiro tem visibilidade sequer comparável a sua (basta lembrar a inauguração recente do hospital Sarah Kubitschek, no Rio, largamente anunciada pela imprensa local sem qualquer menção à arquitetura e/ou ao responsável pela excelência do projeto, arquiteto João Filgueiras Lelé Lima). E compreende-se facilmente porque dez entre dez dos maiores arquitetos do mundo todo, quando vêm ao Rio, não só querem conhecer Niemeyer pessoalmente como mostram uma excitação quase infantil ao sair de seu escritório com um autógrafo, uma foto e se possível um croquis (cena que se repetiu, só nos últimos anos, com Zaha Hadid, Frank Gehry, Steven Holl, Christian de Portzamparc, Frei Otto e muitos outros).

No fundo, então, o que impressiona mesmo é a escassez, se não ausência, de cultura arquitetônica no Brasil hoje. E isso, não obstante as qualidades intrínsecas a certa produção contemporânea, dentro da qual podem ser incluídos tanto Lelé quanto Angelo Bucci. Pelo jeito, não bastou a exemplaridade da arquitetura produzida no país nas décadas de 40 e 50, a qual se irradiou a partir do Rio de Janeiro mas não tardou a brotar em Minas Gerais (e não só em Belo Horizonte mas também em Cataguases, Diamantina, Ouro Preto). Tampouco foi suficiente a admirável longevidade dos grandes mestres da arquitetura moderna no Brasil (Lucio Costa, por exemplo, morreu perfeitamente lúcido aos 96 anos).

Longevidade essa que, se confirma a singularidade da arquitetura brasileira, também expõe sua face mais problemática. Diferentemente da França, por exemplo, onde a arquitetura foi forçada a buscar uma nova orientação após o luto pela morte de Le Corbusier, no Brasil a presença atuante dos grandes arquitetos modernos em pleno final do século XX acabou se tornando, para muitos, uma ameaça a qualquer tentativa de emancipação. E ao contrário do que pode sugerir a quantidade de publicações e eventos suscitados pela comemoração recente do centenário de Niemeyer, ainda há uma grande dificuldade de abordar criticamente a sua obra.

Chegamos a um ponto, no entanto, em que é difícil não se perguntar em que medida alguns projetos que tem sido divulgados como sendo de Niemeyer, são de fato seus. No caso do complexo mineiro, o projeto já foi acusado de ter saído das suas gavetas. Não que, por princípio, isso seja condenável em arquitetura (considere-se, por exemplo, as semelhanças entre o Edifício Bacardi e a Galeria Nacional de Berlim, de Mies van der Rohe). Mas é difícil acreditar que, aos 102 anos, Oscar Niemeyer ainda esteja em condições de confiar a gênese da forma ao gestual pelo qual a sua arquitetura se definiu, em seus melhores momentos. Não raro, os traços que temos visto mostram características substancialmente distintas de seu procedimento projetual. E ainda que as maquetes possam ajudar, é difícil acreditar que a esta altura ele esteja disposto a rever sua concepção de arquitetura como atividade de criação individual, definida por meio de um risco fluente e decidido. O que em todo caso faz pensar na simplicidade da gramática niemeyeriana e sua exploração – no limite da saturação, nos últimos tempos - como uma marca facilmente identificável e comercializável.

Todo cuidado é pouco, portanto, para tratar da Cidade Administrativa de Belo Horizonte. O projeto é a prova mais cabal de que Niemeyer não é só o último grande Mestre da arquitetura. Nem só o grande Imortal da arquitetura brasileira. Niemeyer é a juventude espantosa, e às vezes assustadora, do Brasil."

Ana Luiza Nobre

Publicado no caderno “Prosa e Verso” do jornal “O Globo”, em 10.abril.2010