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Havana-Rio / "Barack Obama responde a bloggeira cubana". Instigada pela notícia, fui atrás do blog de Yoani Sánchez, onde encontrei um comovente retrato do cotidiano hoje em Havana, do ponto de vista de uma jovem que tem a coragem de resistir:
http://www.desdecuba.com/generaciony/


Felizmente moro no Rio e não em Havana, pensei. Mas quem sabe se eu enviar algumas perguntas ao Secretário Municipal de Urbanismo.... Já que ele não responde à imprensa, quem sabe responderá a uma bloggeira, como Yoani e eu.

Minha ideia é enviar-lhe 7 perguntas. Tantas quantas Yoani fez a Obama. E desde já aceito sugestões.
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Metrô / O metrô de Ipanema está prestes a ser inaugurado. Ótimo. Mas por que a nova estação vai se chamar "Estação Tom Jobim"? Salvo engano, será a única estação de metrô a ganhar nome próprio. Por que subtrair a referência ao bairro - e que bairro! - num sistema de transporte como esse, de massa, a ser usado também por tantos turistas?

Para a mesma estação, o governo do estado encomendou alguns painéis a artistas plásticos. Que critérios foram adotados para a escolha desses artistas e trabalhos?

São perguntas tolas que muitas pessoas, como eu, estão se fazendo neste momento, em fóruns como o Twitter e o Facebook.

A propósito: a última visita às obras acontece neste domingo, dia 29, das 9h às 11h. Mas é preciso fazer reserva pelo telefone (2227-0337) ou inscrever-se previamente no acesso Jangadeiros, em frente à praça General Osório.

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Vargens, antes e depois / A tabela ao lado (clique sobre ela para ampliá-la) foi elaborada pela arquiteta Andrea Redondo e apresenta uma comparação valiosa entre os índices urbanísticos do PEU das Vargens, recentemente aprovado, e a legislação anterior para a área. E há mais aqui (inclusive um comentário de Cesar Maia - mas será ele mesmo? - no pé da página): http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc284/mc284.asp

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Nas eleições de amanhã do IAB-RJ, a chapa - única - é fruto de um movimento iniciado por alguns arquitetos particularmente preocupados com o futuro do Rio.

A chapa, intitulada "Arquitetura: Cidade Metrópole", tem a seguinte composição:
Presidente: Sérgio Ferraz Magalhães; Vice‐Presidentes: Carlos Feferman, Ceça Guimaraens, Pedro da Luz e Ricardo Villar; Conselho Deliberativo: Adriana Sansão, Alder Catunda Timbó, André Luiz Pinto, Célio Diniz, Cláudia Escarlate, Cláudia Miranda, Fabiana Izaga, Gustavo Martins, Isabel Tostes, Jean Pierre Janot, João Pedro Backheuser, Mauro Santos, Pedro Évora, Pedro Rivera e Rogério Cardeman; Conselho Fiscal: Andréa Queiroz Rego, Flávio Teixeira, José Miguez, Luiz Flórido, Márcio Tomassini e Sonia Lopes; Conselho Superior: Adir Ben Kauss, Alfredo Britto, Almir Fernandes, Eduardo Barra, Eduardo Horta, Flávio Ferreira, Jerômino de Moraes, Luiz Eduardo Índio da Costa, Luiz Fernando Janot, Marlice de Azevedo, Mauro Neves Nogueira, Norma Taulois, Oswaldo Nazareth, Otávio Leonídio, Pablo Benetti, Pedro Cascon, Ricardo Villar e Sydnei Dias Menezes; Representantes junto ao CREA: Eduardo Cotrim e Norma Taulois.

A eleição é de 9 às 20 hs. Espera-se uma votação expressiva, capaz de sinalizar um momento de mudança no IAB carioca.
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Amanhã, quinta, é dia de eleição no IAB-RJ. Um dos últimos atos da atual presidente, arquiteta Dayse Góes, foi encaminhar ao prefeito uma carta condenando a aprovação do PEU das Vargens, que pode ser lida aqui: http://www.iabrj.org.br/wp-content/uploads/2009/11/iab-rj-231-prefeito_peu_vargen.pdf
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Repito aqui o que me contaram: o Rio não vai sediar só a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em 2016. Vem aí também os Jogos Mundiais Militares, em 2011, a Copa das Confederações, em 2013, e ainda uma Olimpíada Gay.
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Carrego sempre um canivete dentro da bolsa. Foi João Cabral que me ensinou. Mas agora preciso também de uma lanterna e de um radinho de pilha. Só assim poderei voltar a caminhar tranquilamente pelas ruas de Ipanema e do Leblon, que hoje estão nas trevas de novo.

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O chão da minha rua amanheceu cor-de-rosa. São os jambos, em seu instante de beleza.







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"Que perspectivas vocês vêem para a cidade do Rio de Janeiro e sua arquitetura?" Essa foi uma das perguntas que os jovens editores do site ENTRE fizeram a Guilherme Wisnik e a mim, numa entrevista dupla realizada no começo de novembro, via Skype. Para ouvir as duas respostas, entre aqui: http://www.entre.arq.br/?p=1020
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Ainda Berlim / Por que voltar a falar dessa cidade? Não sei. Eu sempre acho que vou conseguir dizer alguma coisa sobre Berlim. Mas dessa vez foi a Bárbara que me provocou. Ela me passou um link para a publicação resultante de seminário realizado na semana passada na Escola da Cidade, em São Paulo. E como não costuma ser fácil encontrar material atualizado e em português sobre Berlim... http://www.escoladacidade.edu.br/download/Berlin_em_sao_paulo.pdf.











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Eis o Pier Mauá, por onde estão começando as obras do Porto Maravilha. As fotos foram feitas ontem pelo Valmir, um dos editores do ENTRE, a quem agradeço.
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Berlim / Passei a semana inteira comemorando os 20 anos da queda do Muro de Berlim. Não consegui pensar noutra coisa. Cidades como Londres, Nova York, Paris, São Paulo e Rio são singulares e excitantes. Mas nenhuma é mais fascinante, para mim, do que Berlim. E fascinante porque inconcebível. Como pode uma cidade sobreviver a tanto?

Acompanhando a celebração ao vivo pela DW-TV, cheguei a me emocionar em vários momentos - sobretudo quando vi a chanceler Angela Merkel, acompanhada de Lech Walesa e Mikhail Gorbachev, atravessando a ponte de Bornholmerstrasse envolvida por uma multidão de anônimos que pareciam saídos de um filme de Fassbinder. Só dias depois, quando comecei a me perguntar pelo lado B dessa festa, lembrei-me dos Wagenburg.

Formados no contexto da queda do Muro e da Reunificação da Alemanha, essas "aldeias moventes", semelhantes a acampamentos precários, se multiplicaram por Berlim nos últimos 20 anos, ocupando áreas vazias e degradadas da cidade numa resistência pacífica contra as convenções sociais e a voracidade do capital financeiro que domina desde então as operações urbanas da atual capital da Alemanha. Hoje eles somam 12 Wagenburg, que guardam muito do espírito libertário das comunidades hippies dos anos 60 e destoam por completo do espetáculo arquitetônico em que Berlim se transformou. Há mais de 300 pessoas - entre adultos e crianças - morando nos Wagenburg berlinenses. A comunidade mais conhecida e atuante é a que ocupa uma área junto a uma fábrica desativada às margens do Schwarzer Kanal. Os moradores instalaram seus trailers e caminhonetes aí depois de terem sido despejados de uma outra área, e no mês passado receberam um ultimato para deixar o terreno hoje ocupado, que é propriedade de uma construtora. Negaram-se a fazê-lo, e agora preparam-se para uma evacuação forçada pela polícia, a qualquer momento.

"Wir haben ganz schlechte Laune". Nós estamos muito mal-humorados, exclamam os moradores do Schwarzer Kanal, em sua espantosa doçura.

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O Governo do Estado realizou um concurso - restrito a convidados - para o projeto arquitetônico da nova sede do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e do futuro Memorial do Estado do Rio de Janeiro. O resultado saiu ontem. O escolhido foi o projeto apresentado por "Sérgio Moreira Dias Engenharia Projetos e Consultoria Ltda". Sim, o escritório do Secretário de Urbanismo. E por que não?
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O principal projeto da Zona Portuária está aprovado, mas não implantado. Isso significa que a discussão não terminou. Pelo contrário. Agora é preciso traçar estratégias de acompanhamento do projeto e discutir seu impacto sobre a cidade. Por isso, várias entidades civis ligadas à área convocam para um debate sobre os "IMPACTOS DO PROJETO PORTO MARAVILHA: na próxima segunda, dia 16 de novembro, às 18 horas, no Espaço Cultural CEDIM Heloneida Studart (Rua Camerino 51, Saúde).

Também na Zona Portuária, realiza-se no dia 02 de dezembro (Dia Nacional do Samba) o tradicional ritual de lavagem da Pedra do Sal, monumento natural ligado à história do samba e à presença africana no Brasil. No Largo João da Baiana, a partir das 6:30 da manhã. Para ver o sol amanhecer.
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Alguém tem uma lanterna?
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Revistas / Boa notícia: será nesta segunda, dia 9, no Parque Lage, o lançamento do edital de revistas culturais do Programa Cultura e Pensamento, do Ministério da Cultura (http://www.culturaepensamento.net.br/). Às 19 horas haverá uma mesa-redonda sobre arte urbana da qual participam o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, além de Fred Coelho, Daniela Labra, Lucas Santtana e eu. O edital - que selecionará quatro projetos editoriais visando a produção de revistas de periodicidade bimestral, a serem distribuídas gratuitamente - estará disponível no dia seguinte ao evento, e as inscrições estarão abertas até 15 de janeiro. O financiamento é da Petrobrás, e a gestão do edital é do editor Sergio Cohn (Azougue).
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De repente chega um email com duas sugestões:
1. acionar o Ministério Publico do Estado do Rio de Janeiro, pelo site www.mp.rj.gov.br (via Ouvidoria).
2. enviar uma mensagem ao prefeito (pelo e-mail eduardopaes@pcrj.rj.gov.br), pedindo que ele vete o projeto do PEU das Vargens.
Faço ambas as coisas. Qualquer um pode fazê-lo também.
Eu sei, não é muito. Mas também não é nada.
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Estou intrigada. Por que será que a presidente da Comissão do Plano Diretor, vereadora Aspásia Camargo, não compareceu a nenhuma das duas votações do PEU das Vargens? Não deveria ser ela a primeira a votar contra um projeto que desrespeita tão gravemente o Plano Diretor e o Estatuto das Cidades?
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Também o PEU das Vargens foi aprovado ontem, em regime de urgência: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/11/02/camara-de-vereadores-aprova-peu-das-vargens-914575545.asp
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É uma manhã de sol e estou sozinha em casa, pensando que nesse momento o Pier Mauá já pode estar em obras, os CEPACs negociados, o PEU das Vargens aprovado. Tenho vontade de gritar, não sei, fazer qualquer coisa capaz de sustar, por um instante que seja, essa irrealidade cotidiana que ameaça minha cidade. Num ímpeto quiçá juvenil, lanço então meu manifesto solitário pelo Rio. Escrevi-o no plural, imaginando adesões que talvez nunca venham. Ou por milagre virão, e não tarde demais.

MANIFESTO PELO RIO

Nós, arquitetos, urbanistas, cidadãos e amantes do Rio de Janeiro, repudiamos a maneira espúria como essa cidade tem sido tratada pelo poder municipal.

Queremos, sim, que o Rio de Janeiro seja capaz de reverter o enorme processo de degradação que vem sofrendo nos últimos 50 anos. Que a área portuária seja revitalizada, a baía de Guanabara despoluída, o desmatamento da Mata Altântica freado, os problemas de habitação, transporte, lixo e violência urbana equacionados.

Mas queremos também que todo esse processo seja conduzido com transparência, seriedade e senso público, e não de maneira obscura, por meio de projetos feitos às pressas, sem qualquer conexão entre si e à revelia até mesmo do Plano Diretor.

Queremos uma cidade democrática, humana e viva, em que os técnicos e especialistas sejam ouvidos e as demandas da população direta ou indiretamente envolvida possam ser atendidas. Queremos concursos públicos de projetos, abertos a todos, que contribuam para ativar uma discussão pública cada vez mais necessária sobre a cidade. Queremos arquitetura e urbanismo de qualidade.

Ofende-nos a postura da Secretaria de Urbanismo, que em vez de apresentar e discutir suas propostas abertamente, tem se limitado a responder, através de sua assessoria de imprensa, que os esclarecimentos à opinião pública só serão dados após a aprovação dos projetos. Isso é um autoritarismo inaceitável, que fere o estado democrático de direito, desrespeita o Estatuto da Cidade e levanta muitas dúvidas sobre as motivações e interesses aí envolvidos.

A cidade do Rio de Janeiro, que é marcada por tantos exemplares arquitetônicos consagrados internacionalmente, não pode ser condenada agora a engolir projetos apócrifos, altamente questionáveis do ponto de vista de seu impacto ambiental e social e da sua contribuição arquitetônica e urbanística. Se novas perspectivas se abrem, e grandes eventos esportivos como a Copa e as Olimpíadas são uma oportunidade, que eles deixem como legado também a revitalização da arquitetura e do urbanismo carioca, e não uma miséria ainda mais assombrosa do que aquela que já vivemos.

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2009

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Antes do próximo / O incêndio do acervo de Oiticica vai aos poucos se apagando. Já se fala até que não foi tão grave assim. Mas o fogo volta a arder amanhã e depois (dias 3 e 4) num debate que promete reacender o MAM. Reproduzo aqui, em parte, a convocação dos organizadores, Frederico Coelho e Sergio Cohn:


"Outubro de 1968: Rogério Duarte e Hélio Oiticica organizam no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro o encontro batizado de Cultura e Loucura. Na montagem da mesa para o debate sobre os limites entre arte e contra cultura, além dos organizadores, participam Caetano Veloso, Nuno Veloso e Luis Carlos Saldanha. A idéia de Rogério e Hélio era ter também Chacrinha e Glauber Rocha, mas não foi possível. Tempos depois, Antonio Manuel lançaria um curta-metragem com os principais trechos do debate.

Outubro de 2009: o incêndio no acervo do Projeto HO desencadeia no meio das artes visuais uma série de documentos, textos pessoais, emails, cartas abertas, testemunhos e manifestos sobre a questão dos acervos de artistas e instituições. O debate gira maciçamente ao redor das condições de preservação e manutenção, das políticas públicas e privadas de financiamento, da repercussão pública do incêndio em contraponto ao descaso diário em relação a outros acervos importantes que se deterioram em nosso cotidiano. Ao mesmo tempo, passa ao largo das mídias as propostas culturais que se encontravam em gestação em torno do Projeto HO, entre elas redes digitais de artistas e criação de espaços de disponibilização ao público das reservas técnicas dos artistas contemporâneos. (...)

Reivindicando a retomada do MAM-RJ como um espaço não só de exposição de obras, mas principalmente de exposição de ideais, questões, diálogos e conflitos, convocamos a todos (...) para participarem nos dias 3 e 4 de novembro do debate Políticas da Arte – Diálogos da Arte.

Na terça-feira, dia 3, teremos duas mesas – uma na parte da manhã (11:00) e outra na parte da tarde(14:00) – com a participação dos coordenadores do evento (Frederico Coelho e Sergio Cohn) e de representantes de acervos (Cesar Oiticica Filho e João Vergara, com mediação da crítica Daniela Name). Também será lançado nesse dia o projeto Rede Arte Brasil, uma rede digital de artes plásticas organizada pelo Projeto HO, com explicação pública de seus objetivos e metas.

Na quarta-feira, dia 4, a intenção é promover durante a tarde (das 14:00 às 18:00 horas) um balanço das conversas do dia anterior e uma convocatória geral para todos os interessados no debate sobre os temas propostos pelo encontro. Uma assembléia geral em que a participação de todos será fundamental para ampliarmos a capacidade de ressonância do evento. Os artistas e críticos Marcio Botner, Ernesto Neto, Felipe Scovino e o curador do MAM-RJ, Luiz Camillo Osório, conduzirão o debate desse dia.

Políticas da Arte – Diálogos da Arte não é somente um encontro, não é somente um seminário e vai além do velho debate entre os mesmos. É uma convocação do MAM para que todos seus parceiros e colaboradores (seja o público e a sociedade, sejam os artistas e os que se relacionam com as artes) tenham novamente voz ativa na proposição e condução das políticas que atravessam o dia a dia das artes visuais contemporâneas. (...)

A hora é essa. Antes do próximo incêndio. "