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Concurso Nacional Museu do Meio Ambiente / A notícia é auspiciosa: amanhã, 1º de março, às 11h, no IAB-RJ (Rua do Pinheiro, 10, Flamengo), será lançado o edital para o Concurso Nacional de Projeto de Arquitetura e Urbanização do Museu do Meio Ambiente (órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente). O objeto do concurso é a expansão do museu - hoje instalado num palacete eclético - e o tratamento urbanístico e paisagístico de seu entorno, que totaliza uma área de cerca de 8.600 m2 dentro do Jardim Botânico. A expansão deverá compreender dois novos edifícios, totalizando 1.400 m2 de área construída: o Anexo I, destinado a espaço expositivo, e o Anexo II, para auditório e apoio administrativo. As inscrições vão até 16 de abril. Mais informações pelo telefone (21) 2557-4480 ou aqui: http://www.iabrj.org.br/

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Além da sede da Eletrobrás, projetada pelo arquiteto Ruy Resende, há dois novos grandes empreendimentos em vias de serem realizados na área da Lapa, no Centro do Rio: um centro comercial, na esquina da rua do Senado com rua dos Inválidos e outro num terreno que vai da rua Evaristo da Veiga ao Passeio Público (junto à Esdi). Deste último, projetado por Edmundo Musa, pode-se ter uma idéia a partir da imagem ao lado, colhida do link abaixo. Mas o que é espantoso mesmo é a ausência do entorno, justamente num terreno cuja situação urbana é tão significativa.

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Drive-In / Há tempos venho sonhando em fazer um filme sobre o Rio, e agora, finalmente, o projeto começa a sair do papel, graças ao apoio da Faperj. Por conta disso, tenho encontrado algumas coisas preciosas. Como a foto ao lado, extraída do site "Arqueologia do Rio". A imagem nem é muito boa, mas ela me devolve a farra em família, dentro do carro, entre batatas fritas e copos de Coca-Cola, no Drive-In da Lagoa. E de repente eu quis que esse filme não acabasse nunca, nunca mais.
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Em breve estará aqui a minha lista de projetos indicados para a Bienal Iberoamericana. Até lá, continuo aberta a sugestões.
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Cidade global, metrópole BRIC / A informação chegou em cima da hora, mas repasso-a mesmo assim: amanhã, terça, às 10 horas, a socióloga Saskia Sassen, da Universidade de Columbia, discute "as metrópoles BRIC" (do Brasil, Rússia, Índia e China), em seminário promovido pela Prefeitura e realizado no Palácio da Cidade, em Botafogo.
Para quem não sabe, o trabalho de Sassen está orientado para a discussão da relação entre cidade e economia global (ver artigo publicado na revista Noz, número 2, 2008).
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Retrato do Rio / Foi bem nas vésperas do Carnaval, e por isso passou quase desapercebida a outorga, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, do "Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro". O prêmio - entregue em cerimônia no Teatro João Caetano, no dia 10 de fevereiro - resultou da fusão de três prêmios estaduais: Golfinho de Ouro, Estácio de Sá e Governo do Rio de Janeiro.

Os premiados pertenciam a 15 categorias: música popular, música erudita, teatro, circo, dança, literatura, comunicação, literatura, artes visuais, registro audiovisual, preservação do patrimônio material, preservação do patrimônio imaterial, e até empreendendorismo, moda e gastronomia.

"Obtivemos um retrato amplo e preciso da cultura variada e vigorosa que nosso estado produz, reunindo nessa celebração as diferentes manifestações que compõem o perfil do Rio de Janeiro", disse a Secretária de Cultura, Adriana Rattes (http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/02/04/e040220186.asp).

Há de haver algum motivo, claro, pelo qual nem arquitetura nem design compõem tal retrato.


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Em torno de 300 / As Escolas de Samba continuam lotando o Sambódromo de Niemeyer, que este ano recebeu de Madonna a Santiago Calatrava. Mas o que marcou mesmo este Carnaval no Rio foram os blocos. Só na Praça do Jóquei, na Gávea, foram três por dia. Com os termômetros beirando os 42 graus, só mesmo muita cerveja, para o que não bastaram, nem de longe, os 4.000 banheiros químicos instalados pela Prefeitura. Cerca de 300 pessoas chegaram a ser presas por urinar na rua. Não chega a ser muito, considerando que foram 465 blocos, um deles seguido por um milhão e meio de foliões. Mas é um fato inédito no Rio, onde é costume buscar a árvore mais próxima. Ou o muro, a fachada de uma igreja centenária, os Arcos da Lapa...
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Mas é Carnaval.
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Mais Bienal Iberoamericana / Tenho recebido toda sorte de sugestões para a Bienal Iberoamericana. Minha lista preliminar compreende, por ora, 8 projetos. Curiosamente, nenhum deles consta da lista de projetos premiados nos últimos anos pelo IAB-RJ. Será que esses projetos foram inscritos mas não premiados? Ou foram os arquitetos que se afastaram da premiação? Seja como for, o dado me pareceu significativo.




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Insustentabilidade / Meus alunos sabem o quanto me incomodo com o discurso da sustentabilidade, sobretudo quando ele é usado para mascarar uma arquitetura medíocre. No mais, consumo diariamente em casa, na Gávea, pimentas produzidas na Indonésia e embaladas na Alemanha, tomates que crescem na Itália, azeite que vem de Portugal. Isso para não falar nas castanhas colhidas na Amazônia, sem as quais meu café-da-manhã fica gravemente comprometido. Ainda assim procuro manter um certo grau de consciência ecológica, o que me faz evitar, entre outras coisas, o uso indiscriminado daqueles saquinhos plásticos distribuídos por aí. Eles são odiosos mesmo: além de anti-ecológicos e medonhos, vivem arrebentando, e também costumam ser pequenos demais para as minhas compras.

Não foi difícil, então, deixar-me seduzir pelas sacolas de ráfia do supermercado Pão de Açúcar. Elas são grandes, resistentes, levíssimas, lindas, custam apenas 2,99 Reais, e ainda vem impressas com um apelo atualíssimo: "Usando esta sacola você colabora com a preservação do meio ambiente".

Minha preferida é a das alcachofras. Mas tenho também a do melão, a do maracujá...Pois bem. Assim, como quem não quer nada, resolvi conferir a sua origem. E o que é que descobri? Que elas não vem da Baixada, de São Paulo ou mesmo da Bahia...mas do Vietnã! Desde então, não páro de pensar em tudo o que envolve a produção longínqua e o deslocamento dessas bolsas, aparentemente tão ingênuas e dignas, até mim. E como é que uma cidade como o Rio pode sustentar esse tipo de consumo? Não há qualquer coisa de errado nisso?
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A cidade e suas águas / Foi logo depois das chuvas que castigaram São Paulo na semana passada que recebi este email do Renato Anelli, arquiteto e professor da USP-São Carlos. A cidade e suas águas: passei os últimos dias longe de casa, pensando nisso. Mas tive notícias de que os termômetros no Rio continuam a marcar 41 graus e as praias estão mais lotadas que nunca, pois o sol está firme há 12 dias, e além disso logo será Carnaval. Cedo ou tarde, porém, virão as águas. E de novo seremos pegos de surpresa. E reclamaremos providências, e ouviremos promessas, e chamaremos por socorro, e oscilaremos entre o medo, a raiva e a tristeza, incapazes de uma ação transformadora qualquer.

"Cara Ana Luiza,
Acredito que as chuvas aí no Rio estejam tão intensas como em São Paulo. No entanto, os estragos por aqui atingem níveis que nos surpreendem pela freqüência e intensidade. Então, escrevo para trocarmos um pouco as nossas impressões.
Pelos links abaixo, você pode ver alguns exemplos, entre ele um ocorrido em Diadema na segunda passada.
O rio transborda em meio à área urbana, “apagando” o chão da cidade. Desaparecem as ruas, canais, calçadas, praças, etc.
Desaparece a urbanidade.
Outros links mostram como essas situações estão se repetindo todos os dias, matando gente, paralisando os deslocamentos e inviabilizando a vida urbana.
Nos morros e várzeas ocupados por habitação popular, a situação se agrava. As mortes por deslizamentos e enxurradas se acentuaram. E mesmo o turismo junto às florestas nos morros já não é mais seguro – veja Ilha Grande.
Pergunto até onde temos, nós arquitetos, alguma responsabilidade nesses desastres.
O vilão inicial, o volume de chuvas, não basta para explicar: janeiro superou em apenas 0,9 mm os 480,5 mm do recorde de 1947. Não há dúvida que as engenharias devem algumas explicações sobre a ineficiência de seus caríssimos dispositivos de macro-drenagem e de estabilização de encostas. Também não basta culpar os “políticos” e o Estado, incapaz de manter as infra-estruturas existentes e de prevenir as ocupações em áreas de risco.
Acredito que devemos repensar aquilo que está na nossa área: o modo de ocupação do território – urbano, rural e natural. Como as formas urbanas atuais dependem das infra-estruturas de canais e arrimos para domar seus rios e morros, hoje está claro que confiamos mais do que devíamos na eficiência dessas técnicas.
A relação entre as cidades e suas águas torna-se agora fundamental para a sua sobrevivência e não se resolve apenas com as engenharias. Eu começaria pensando que é necessária uma nova interlocução da arquitetura com o pensamento ambiental, sempre fraco no urbano, ou melhor, quase anti-urbano. É possível encontrarmos novas formas urbanas que evitem os desastres recorrentes que temos vivido?
Ou você vê outro caminho para iniciar essa reflexão?"


http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1202650-7823-CHUVA+PROVOCA+ALAGAMENTO+EM+SAO+PAULO,00.html

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1470832-5605,00-SEMANA+DE+ENCHENTES+DEIXA+BAIRROS+DEBAIXO+DAGUA+EM+SAO+PAULO.html


http://bandnewstv.band.com.br/conteudo.asp?ID=257035&CNL=20


http://bandnewstv.band.com.br/conteudo.asp?ID=256973&CNL=20
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Bienal Iberoamericana: por ora é só / Eis que recebo, do arquiteto Luiz Fernando Janot (professor da FAU-UFRJ), o primeiro comentário relativo à seleção de obras para a Bienal Iberoamericana. Na verdade, recebi-o como um email pessoal. Mas reproduzo-o aqui, na íntegra, esperando com isso acender uma reflexão coletiva sobre a produção contemporânea de arquitetura no Rio:

"Querida Ana Luiza,

Antes de qualquer coisa, muito obrigado pelo seu convite para participar da seleção de projetos para a “VII Bienal Iberoamericana de Arquitetura” que acontecerá em Medelín em outubro desse ano. Mas, te confesso, ao refletir sobre a produção arquitetônica e urbanística na cidade do Rio de Janeiro entre 2007 e 2009 não consegui achar nada de qualidade que me chamasse a atenção ou que me motivasse a indicar como exemplo significativo para os fins a que se propõe a Bienal. Aqui no Rio, como nos poucos municípios do Rio de Janeiro que tive a oportunidade de conhecer, ao contrário do interior de São Paulo, a produção arquitetônica tem se pautado na maioria das vezes pela perspectiva do mercado imobiliário, tanto na área residencial como na área comercial. O resultado, como não poderia deixar de ser, trouxe consigo os vícios de um modismo inconsistente que se perpetuou em soluções projetuais sem qualquer expressividade ou valor arquitetônico. No entanto, é provável que algumas "residências de luxo" em Búzios ou Angra ofereçam algum diferencial do costumeiro popularesco vulgar. Mas, mesmo assim, são projetos que não apresentam nada de novo que possa estimular o debate sobre arquitetura. Destacaria como exceção a proposta diferenciada dos jovens arquitetos Ivo Mairenes e Rafael Palatano para a "Casa Flor", na Mombaça, em Angra dos Reis. Um projeto bem interessante e criativo.

Nos subúrbios cariocas, esse quadro desolador no campo da arquitetura pouco se altera. Na zona sul da cidade praticamente tudo já foi feito. De novidade, apenas alguns shoppings centers, reformados ou novos, mas sem nenhum valor arquitetônico mais expressivo. As reformas de lojas e algumas galerias de arte poderiam ser hipóteses a se considerar, entretanto, na verdade, se resumem a fachadas vistosas impregnadas de clichês arquitetônicos convencionais. Nada mais do que isso. Infelizmente, a Baixada de Jacarepaguá, da Barra ao Recreio, que deveria ser o grande espaço para manifestações arquitetônicas contemporâneas, não teve esse destino. Nesse imenso território o que se vê, como não poderia deixar de ser, é o retrato de uma época que tem como seu valor principal o imediatismo financeiro traduzido em gigantescos condomínios residenciais e centros comerciais afinados com a tendência mercadológica do aqui e agora. O resultado arquitetônico é pífio. Esse "mercantilismo formal" se reflete nas fachadas espelhadas dos "prédios inteligentes" a traduzir um status clean sem nenhuma personalidade. Os hospitais da Rede D'Or - projetados pela RAF - são reconhecidamente vistosos e eficientes, mas seguem esta mesma linha de pensamento, certamente, imposta aos competentes arquitetos pelos "empresários do ramo da saúde".

De resto, Ana Luiza, só sobra uma obra de vulto e de extrema qualidade em todos os sentidos em meio a este inferno astral que vive a arquitetura no Rio de Janeiro nos últimos anos. Trata-se do Hospital Sarah no Recreio dos Bandeirantes, projetado e construído sob a batuta do nosso querido Lelé. Aí sim, há arquitetura de qualidade. Incluiria também nesse rol o prédio da Escola Sesc de Ensino Médio na Barra da Tijuca projetada pelo Indio da Costa e a nova sede do CENPES da Petrobrás na Ilha do Fundão de autoria do Siegbert Zanettini. Concluindo, sugiro uma avaliação dos trabalhos que concorreram à Premiação Anual do IAB-RJ em 2007-2008-2009, onde certamente haverá algum exemplo relevante que mereça ser selecionado. Por ora é só.

Grande beijo,
Janot"
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Bienal Iberoamericana / Dez projetos representarão o Brasil na VII Bienal Iberoamericana de Arquitetura, que será realizada em Medellín, Colômbia, entre 11 e 17 de outubro próximos.

Por conta disso, recebi uma incumbência tão honrosa quanto delicada: selecionar e encaminhar as obras construídas no Estado do Rio de Janeiro nos últimos dois anos. Podem participar da seleção projetos de qualquer categoria e escala, desde que a obra tenha sido concluída entre 01 de janeiro de 2007 e 31 de dezembro de 2009. A seleção final ficará a cargo dos 9 membros regionais - eu e mais 8 - e do delegado nacional desta edição da Bienal, arquiteto Abilio Guerra.

As regras gerais e informações básicas estão disponíveis aqui:
http://www.vitruvius.com.br/evento/evento_detalhe.asp?codigo=306

É claro que eu vou trabalhar para ver o Rio bem apresentado. Mas será que consigo listar um conjunto significativo de obras? Aceito sugestões e comentários.



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ENTRE / Corro o risco de passar por cabotina, mas não posso deixar de registrar aqui, em atenção aos meus alunos: a última entrevista do site ENTRE, que acaba de entrar na rede, é com o Guilherme Wisnik e eu. Para lê-la, entre aqui: www.entre.arq.br. Tem também a nossa bibliografia básica, na seção "Estante de livros".

Posto 2 / fev 10




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Domingo / Abri os olhos e olhei para o mar. E dessa vez não vi só as ondas, os surfistas, as ilhas. Oito imensos veleiros iam passando lentamente bem diante de mim. Havia uma vaga irrealidade naquele cortejo, cuja elegância suprema deixou um longo rasto no horizonte.

Fico sabendo agora que eles poderão ser visitados até sábado no Pier Mauá, de 12 às 19 hs, de onde partem, no domingo, de volta para a Barra da Tijuca.
E a foto acima é daqui: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,nove-veleiros-de-grande-porte-fazem-desfile-pela-orla-carioca,504398,0.htm).