10

Calatrava / O arquiteto espanhol Santiago Calatrava, autor do projeto do Museu do Amanhã - em construção no Pier Mauá - faz palestra sexta, dia 4 de maio, às 17 hs, no Parque Lage. A palestra é gratuita mas é necessário inscrever-se com antecedência pelo telefone 3221 7551 ou pelo email eventos@frm.org.br.
9

Salve, Jorge
Salve, Delacroix



8

Eu nem vi o livro ainda, mas gostei do título e da abordagem: "O RIO QUE O RIO NÃO VÊ – os símbolos e seus significados na arquitetura civil do centro da cidade do Rio de Janeiro" (ed. Aori) é um estudo iconográfico de ornamentos simbólicos presentes nas fachadas do centro carioca, produzido por Luiz Eugênio Teixeira Leite (fotos), e Nelson Pôrto Ribeiro (texto). O livro foi lançado esta semana na Livraria da Travessa. E pode ser uma boa companhia pro Dia de São Jorge, santo guerreiro que luta contra todos os dragões para proteger esta cidade.






(aqui, o blog do Nelson, que é arquiteto e professor da Universidade Federal do Espírito Santo: http://www.nelsonporto.blogspot.com.br/)
7
Mais Hadid e Schumaker, por Roberto Segre:
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/12.055/4312


(e Zaha parte hoje, depois de 2 semanas no Rio, e um piquenique na Casa das Canoas).
6
Bernardes e Robertos / Sergio Bernardes é tema do programa Coleções, que será exibido nesta quinta, dia 05, às 21:30, no canal SESC TV (com reprise sexta e sábado às 15h30, domingo às 13:30 e segunda às 9:30).

E no domingo de Páscoa deve sair matéria sobre os Roberto no jornal O Globo.










5

Hadid e Schumaker no Fundão / Sinceramente, não me lembro de ter visto nada assim antes. Quando estudei na FAU-UFRJ, lá pelos anos 80, o sábado costumava ser um dia ainda mais morto do que os outros, em que a gente evitava a todo custo sequer passar por lá. Mas desta vez, uns 40 minutos antes da hora marcada a fila já atravessava o pilotis, o jardim e ia até a rua.

Calculo que deviam ter umas 2000 pessoas, entre alunos (de várias escolas) e professores (de várias escolas, áreas e gerações), esperando por Zaha Hadid e Patrick Schumaker ontem de manhã. E isso em pleno sábado de sol, na Ilha do Fundão. Um emocionante e inesquecível sinal de recuperação da escola onde estudei, e com ela, da própria arquitetura no Rio de Janeiro.

No telão instalado no hall, as formas maleáveis da “arquitetura paramétrica” de Hadid e Schumaker contrastavam com as linhas rigorosas da arquitetura de Jorge Machado Moreira, justamente num de seus edifícios mais emblemáticos (que finalmente e felizmente, começa também a ser recuperado).

Schumaker montou um breve esquema histórico para definir o “Parametricismo” como o “estilo do século XXI”, sucessor do Modernismo e do que ele chamou de “episódios intermediários” do Pós-modernismo e do Deconstrutivismo. Num percurso retilíneo, sempre acompanhado de imagens vistosas, e em boa parte já bem conhecidas, traçou um panorama que partiu de primitivas colônias africanas e passou à cidade medieval (ilustrada com Arles e Siena), ao Renascimento (o “Big Bang da Arquitetura”, ilustrado com Palmanova) e ao Barroco (Versalhes e o Palácio Carignano, de Guarini), e por fim ao Modernismo (o edifício da Bauhaus, de Gropius, e a Ville Radieuse, de Le Corbusier), o Pós-Modernismo (Venturi e Charles Jencks) e o Deconstrutivismo (Tschumi), e daí ao Parametricismo – ou seja, o seu próprio trabalho, em conjunto com Hadid.

Com um discurso enfático e assertivo, apoiado por sua partner (que se sentou ao seu lado e preferiu falar menos, mas mostrou-se igualmente disponível e bem-humorada), o confiante Schumaker defendeu, assim, sua tese central: a de que a arquitetura precisa reconstruir sua especificidade e poética própria, desligando-se de outras disciplinas (listadas num peculiar quadro comparativo que procurou relacionar a arquitetura à arte, ciência, medicina, educação, política e economia). E para isso, os arquitetos precisam “criar um impacto, como o Modernismo fez”. Mas sem repetir seus princípios (resumidos na tríade “separação, especialização e repetição”), e sim buscando outros: a saber, a variação, a diferenciação e a correlação, potencializados pelo uso das ferramentas oferecidas pelas novas tecnologias (modelagem e simulação digital, basicamente).

Isto é o que Schumaker denomina de "Parametricismo": uma “teoria unificada”, supostamente capaz de resumir e superar todas as outras teorias contemporâneas, e basicamente definido em termos de superfícies não planares e formas maleáveis, em vez de formas ideais e sólidos geométricos; e de sistemas interconectados e correlacionados, em vez de unidades autônomas e autosuficientes.

Foram indicadas rapidamente algumas referências, como os sistemas da natureza e as tensoestruturas de Frei Otto. E embora os edifícios ministeriais de Niemeyer em Brasília tenham surgido como exemplo da repetição e monotonia que se quer deixar para trás, o mesmo Niemeyer foi valorizado, num momento seguinte, por sua maneira muito peculiar de “manipular o solo”. Junto com Artigas, por seus “espaços profundos” e suas grandes coberturas.

Depois de duas horas, a dupla Schumaker+Hadid deixou no ar um otimismo contagiante, sobretudo para os mais jovens. Mas não avançou muito além do esquematismo, e assim não chegamos nem perto de uma reflexão sobre as complexas relações entre as redes digitais e a cidade contemporânea, nem ficamos sabendo minimamente como aquelas deliciosas formas se constroem, com que materiais e por que meios. E se a vertiginosa cascata de imagens com que Schumaker encerrou sua fala mostrou que a sua pesquisa tem dado muitos frutos notáveis (do qual o MAXXI, em Roma, é um dos exemplos mais recentes, e certamente um dos mais polêmicos), também indicou o risco de que essa mesma pesquisa venha a se esgotar numa especulação formal leviana, passível de servir indistintamente a um museu ou a uma sandália.