Posto 4 / abr 2011

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Alguma notícia? / Em São Paulo, duas perguntas me perseguiram: e o concurso do Porto Olímpico, alguma notícia? e o concurso da Marina, alguma notícia? E eu, sem resposta.







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Mar e Eros / Isso foi ontem, no MAM. Mais, hoje e amanhã. Mas não sei se tenho coragem.










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Bola pra Frente / Nem sei ainda como faço pra chegar lá. Mas quero visitar logo este centro comunitário recém-inaugurado em Santa Cruz. O projeto de Nanda Eskes e Lompreta Nolte Arquitetos venceu um concurso internacional realizado no ano passado pelas ONGs Homeless World Cup, Architecture for Humanity e Bola pra Frente, junto com a Nike Game Changers. A segunda fase do projeto, que inclui o Centro Pedagógico Bola pra Frente, com 3000 m2, está em fase de elaboração e aguarda financiamento.
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BIG / Depois do "Less is more" (Mies), e "Less is a bore" (Venturi), a última é o "Yes is more", do arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels (do escritório BIG). Ingels - que tem mostrado grande interesse pelo Brasil - faz palestra dia 4, segunda, às 19 hs na PUC (auditório Padre Anchieta, ed. Leme). O título da palestra também é provocativo: "Sustentabilidade hedonística". Haverá tradução simultânea.

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JogoRio / "Como um evento de muitos milhões de dólares pode fazer uma diferença duradoura para as crianças que vivem na rua?" A partir dessa interrogação, estudantes de Arquitetura da Universidade de Harvard produziram dois curtas encantadores sobre o Rio, que estão aqui:
http://vimeo.com/17980023
http://vimeo.com/18961188

































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Penha / "Mais que nunca, a cidade é tudo o que temos." (R.Koolhaas)
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Miyako, Japão /
No meu atlas, esta cidade nunca existiu antes.

















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Rogers in Rio / No sábado, dia seguinte da sua palestra nos Correios, Richard Rogers fez um tour arquitetônico pelo Rio, acompanhado por Alfredo Britto, João Pedro Backheuser, Fabiana Izaga e mais três arquitetos do seu escritório (Simon Smithson, Klaus Bode e Sandro Tubertini). Foi ao Pedregulho e Cantagalo/Pavão-Pavãozinho.

Alfredo gentilmente me mandou as fotos, junto com um relato do passeio: "no Pedregulho (Rogers) percorreu o Bloco A, a Escola e entrou em apartamento. Visitou tudo com vivo interesse, excelente humor, debateu detalhes com base no livro do Nabil (Bonduki), e ao final, profundamente agradecido, comentou o grande prazer de ver e confirmar pessoalmente 'uma das mais notáveis realizações arquitetônicas do século XX; pelas soluções espaciais tão criativas, detalhes depurados, beleza e significado social'. No Pavão, subimos no novo elevador e depois atravessamos transversalmente toda a favela até a UPP, a Biblioteca e os espaços do Criança-Esperança. Com a maior disposição, (Rogers) indagou, comentou e interagiu com os locais. " O tour terminou com um almoço no Arpoador - de onde voltar pra Londres não deve ser nada fácil.
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Performance / Chama-se "Performance Arte Brasil" e acontece no MAM, entre 22 e 27 de março, o primeiro encontro nacional destinado a discutir a performance como prática artística e seus desdobramentos estéticos no campo das artes visuais no país. O evento, organizado por Daniela Labra, inclui performances, instalações, mostra de vídeos e filmes e debates (sempre de 12 às 20 hs, com entrada franca). A programação completa está aqui: http://www.mamrio.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=264&Itemid=36

E aí vem o Coletivo Empreza, de Goiânia: serão 3 ações na sexta, dia 25, às 19 hs.















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Museu do Açude / A casa está fechada, o chão coberto de folhas. Havia mais quatro ou cinco carros estacionados lá fora, mas não vejo muitas pessoas aqui.
Deve ser o carnaval (ainda). Ou a dificuldade de acesso (a cidade está longe).
Mas é sábado, é manhã, e seguimos mata adentro.
Na ausência de mapas, ficamos mais atentos aos sinais.
Logo, toda a infância volta: árvore é pra subir, rio é pra atravessar, pedra é pra pular ou sentar.
Assim vamos descobrindo Oiticica, Edu Coimbra, Nuno Ramos, Lygia Pape.
José Resende demora mais. Os cabos de aço romperam, a lâmina de mármore partiu e talvez tenha sido arrastada pela água. Resta a treliça metálica, quase soterrada no fundo do vale. E alguns fragmentos da pedra um dia branca, hoje tomada por musgo. A placa coberta de terra diz que a obra está em recuperação. Espero que esteja mesmo. Mas não deixo de gostar dela assim, em estado de colapso. As margens são instáveis, afinal. E mesmo os açudes beiram o desequilíbrio, eu sei.


(A única foto que encontrei da instalação original de José Resende está aqui://www.ceramicanorio.com/conhecernorio/museudoacude/museudoacude.html. As outras - dos trabalhos de Oiticica, Coimbra e Resende hoje - devo à Cecilia Cotrim).
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Fazendo a cidade / "Making City" é o tema da 5a Bienal de Arquitetura de Rotterdam, que acontece no ano que vem no NAI/Netherlands Architecture Institute, em Rotterdam, Holanda, com eventos paralelos em São Paulo e Istambul. Esta edição conta com uma equipe internacional de curadores que inclui os arquitetos Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga (MMBB, São Paulo), premiados em edição anterior da Bienal com um projeto para São Paulo.

Até 1 de Abril, órgãos públicos, organizações culturais, pesquisadores, arquitetos e urbanistas do mundo todo podem submeter projetos em qualquer cidade que "repensem as relações existentes entre políticas urbanas, planejamento e projeto." O objetivo é criar uma plataforma internacional capaz de fomentar a análise e discussão de projetos que apresentem ao mesmo tempo inovações espaciais e políticas (como o concurso "Morar Carioca", talvez?)

Mais informações aqui: http://www.iabr.nl/EN/ ou com Vivian Zuidhof, por email: vivian@iabr.nl.

A propósito, o Ministério da Cultura da Holanda vem mapeando o Brasil há uns 4 anos, e o primeiro resultado - uma espécie de levantamento da "cena cultural" brasileira em 11 áreas, como arquitetura, design, literatura, dança, moda e música - pode ser visto aqui: http://www.culturalexchange-br.nl/mappings. Vale a pena sondar a área de arquitetura, que foi "mapeada" por Helio Herbst, arquiteto e professor da Universidade Rural do Rio de Janeiro.

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Inútil paisagem / Mas pra que tanto céu, pra que tanto mar? Choro a perda de Fernando Chacel. Já sinto a falta que sua inteligência, integridade e coragem farão a mim e a minha cidade, justamente no momento em que nossa paisagem está em vias de ser tão transformada. E só o que consigo fazer, de imediato, é recuperar a conversa que Andres Passaro e eu tivemos com ele, alguns anos atrás:

"Andres Passaro: Como seria a cidade dos seus sonhos?

Fernando Chacel: Sou muito urbano. Jamais moraria num lugar bucólico, fora da cidade... Creio que não mesmo. Então a cidade dos meus sonhos teria que estar de acordo com o conceito de sustentabilidade, em que a natureza pudesse participar da área urbana de uma maneira efetiva e que essa urbanização fosse feita em cima da capacidade de suporte da natureza. Penso numa cidade equilibrada, harmoniosa, saudável, e para isso tem que haver um intercurso amoroso entre reurbanização, conservação e preservação dos recursos naturais.

AP: Essa cidade já foi projetada? Ela existe?

FC: Não. Talvez alguns focos...

Ana Luiza Nobre: O Central Park, em Nova York, não seria um pouco isso?

FC: O Central Park é um parque dentro de uma cidade. Mas vai além de um parque, do gerenciamento de um recurso natural. Vai além de uma postura ética.

ALN: Como você vê Brasília?

FC: Brasília foi um experimento extraordinário. Para mim, há duas grandes figuras do século XX nas artes do paisagismo, da arquitetura e urbanismo: Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx. As poucas coisas que eles fizeram juntos são muito bonitas. Agora, o paisagismo de Brasília, tirando a obra de Burle Marx, é um grande equívoco. Nunca se trabalhou com a paisagem do cerrado. O grande problema é esse. O crescimento das plantas exóticas no Brasil é muito rápido e muito mais visível do que o cerrado. E isso é complicado, porque no imaginário das pessoas cria um certo imediatismo. As pessoas querem ter uma árvore secular em casa. Mas o grande problema de Brasília em relação à paisagem é que o cerrado tem possibilidades fantásticas. O problema é a dificuldade de aceitação da estética da ecologia.

AP: Você gostaria de morar em Brasília?

FC: Não, a minha experiência de cidade é outra. Mas muitas pessoas gostam de morar lá.

ALN: Lucio Costa dizia que Brasília deveria ter técnica viária e técnica paisagística. A técnica paisagística falhou, então?

FC: Falhou. Nunca foi dado ao Burle Marx, por exemplo, a possibilidade de fazer um parque.

ALN: Na Novacap não havia nenhum paisagista?

FC: Não. Ou tinha, mas, não da estatura do Burle Marx.

AP: Eu moro no Flamengo e uso muito o Parque do Flamengo. E acho o Parque muito interessante como flora, mas uma paisagem vazia como fauna. Acho que o desenho de Burle Marx excluiu a Mata Atlântica, por exemplo, ao trazer aquele exótico...

FC: Mas ainda tem muita coisa de Mata Atlântica ali dentro. Agora, quanto à fauna, realmente, você tem razão. Talvez por falta de nichos florestais, não é? Mas ele é tipicamente um parque urbano.Tem uma coisa que eu acho muito interessante no Parque do Flamengo: ele não concorre com a paisagem extraordinária que tem aqui, mas é digno, muito digno dentro dessa paisagem. Porque era muito difícil fazer alguma coisa nessa paisagem com todos esses ícones.

AP: É um mundo, uma natureza constantemente pressionada, não é? Eu vejo o arquiteto-urbanista ou paisagista desenhando e fazendo suas opções. Ou seja, deixando de lado umas coisas e incorporando outras. Isso significa que o que não está no desenho vai ser extinto?

FC: É. Você tem uma idéia do que vai acontecer, mas não tem uma garantia de que aquilo que está projetando vai acontecer daquela maneira. Tem sempre um desenho paisagístico dentro disso, mas talvez ele não forme um estilo de desejo. Ele é mais um gesto em relação à paisagem do que propriamente uma afirmação sua em relação à paisagem. Talvez caminhe um pouco por aí.

ALN: Como você lida com os problemas de manutenção e preservação do seu projeto? O Parque Dois Irmãos, por exemplo, no Leblon, foi muito violentado pela escultura colocada lá.

FC: Realmente fiz um trabalho muito cuidadoso ali, preocupado com o monumento que é o Morro dos Dois Irmãos. Depois veio aquela escultura... Fiz esse trabalho como contratado da Engenharia Ambiental. A firma ganhou o contrato e começou a ter alguma dificuldade de projetar, então me chamaram. Fiz um estudo e levei-o para a Secretaria de Meio Ambiente, onde o Alfredo Sirkis era secretário. Eu tinha feito uma perspectiva aérea para ele poder ver o parque, aí ele perguntou: - Chacel, o que eu vou poder ver da Delfim Moreira? E eu disse: - Você não vai ver absolutamente nada! Mas o Rio é muito infeliz nessas coisas...O paisagista Luiz Emygdio (de Mello Filho) dizia que nós vamos acabar fazendo do Rio o museu dos erros humanos. "

(A entrevista foi realizada em 2007 e publicada, na íntegra, no primeiro número da Fresta, periódico de curta duração que Andres e eu editamos no Curso de Arquitetura da PUC-Rio, entre 2007 e 2008. A foto me foi enviada na época pelo próprio Chacel - e se não sou eu, bem poderia ser. Ao menos hoje).
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Carpe Diem / É o que de melhor encontrei sobre o carnaval de rua no Rio:
Mesmo assim, quando procuro informações sobre os blocos que circulam no meu bairro (onde estão um dos maiores hospitais públicos do Rio e uma clínica médica), encontro-as incompletas ou desatualizadas. Mas já não me importo mais; amanhã caio na folia também, e o resto, como diz Niemeyer, que seja como Deus quiser.

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Folia /
Você gosta de Carnaval? Taí uma pergunta para a qual hoje não tenho resposta. Gosto das fantasias, da batida da bateria, de samba no pé. Mas não gosto de nada que é compulsório, e sobretudo não gosto de me sentir refém da festa dos outros. Então o carnaval no Rio, que era uma opção, está se tornando um problema pra mim. Tenho medo de sair de casa pra comprar um pão e não conseguir voltar nunca mais. Um taxista de São Paulo me disse outro dia que tem um pesadelo frequente, em que acorda, pega o carro e não consegue sair da garagem o dia todo por causa do engarrafamento. Pois eu já me imagino, inversamente, com uma bisnaga na mão em plena Marquês de São Vicente, sem conseguir voltar pra casa por causa de algum bloco.

Sem dúvida os blocos tem um lado divertido, são alegres, animam as ruas e praças da cidade. Mas ninguém sabe dizer ao certo quantos são, de onde vem, para onde vão. Já não saio de casa por medo de topar com um deles e não conseguir voltar tão cedo. E não consigo deixar de pensar nas pessoas doentes, nas ambulâncias, nas mulheres por parir...

Eu sei, é carnaval, mas os blocos no Rio - que, oficialmente, são 424 este ano - começam mais um menos um mês antes e terminam semanas depois. Muitos levam dezenas de milhares de pessoas às ruas e bloqueiam vias importantes de circulação (e que são às vezes também vias únicas de acesso a hospitais e clínicas), provocando reflexo em muitas outras ruas e bairros. Nem falo do lixo que deixam para trás (até agora, foram 130 toneladas), dos banheiros que nunca bastam...Mas eu me sentiria mais segura se a lista completa dos blocos, com informações precisas e atualizadas - incluindo o seu percurso, claro - fosse amplamente divulgada. O problema é que procuro no site da prefeitura e não encontro. Procuro no jornal e não encontro. Procuro no google e não encontro. E aí volta aquele pesadelo, a bisnaga na mão...
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Porto: e agora? / Custou, mas o prefeito justificou o adiamento da divulgação do resultado do concurso em ofício enviado ao presidente do IAB e reproduzido ao lado. Com isso, o mistério chega ao fim. Mas vamos ter que esperar mais um mês, pelo menos, para saber o resultado do concurso. Enquanto isso, algumas perguntas são inevitáveis: por que o comunicado demorou tanto? E por que então o concurso foi realizado no período já atribulado de final de ano, com prazo apertado, e tão em cima do Morar Carioca? Não teria sido mais adequado esperar um pouco mais para lançá-lo, ou mesmo adiar a entrega dos trabalhos?
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Porto: e agora? / Suspensão da divulgação do resultado do concurso do Porto Olímpico completa hoje 17 dias.

Posto 03 / mar 11

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Porto: e agora? / Suspensão da divulgação do resultado do concurso do Porto Olímpico completa hoje 16 dias.