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Ah, eu vi. Vi e ouvi. E foi como uma pancada na nuca, um soco no estômago, sei lá. Naquelas imagens, tantas brechas para o subterrâneo. O seu e o meu. Brasília é assim: salve-se quem puder.

(eu sei que deveria estar falando do novo museu que está hoje no jornal. Mas fica para amanhã. Ou depois, quem sabe).


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"Você moraria em Brasília?" perguntou Nicolas Behr. "E você se casaria com uma das Demoiselles d'Avignon, de Picasso?", rebateu Adrian Gorelik.


Pena que vai acabar hoje.
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Do Possível e do Impossível em Brasília / "Brasília foi inaugurada mas não está pronta", disse Paulo Mendes da Rocha terça-feira no IMS, diante de uma platéia de cerca de 200 pessoas, que se dividiram entre o auditório e o telão instalado no jardim de Burle Marx. O arquiteto declarou-se contrário ao tombamento do Plano Piloto. E provocou o pensamento preservacionista com uma imagem forte: "vejo Brasília destruída pelo povo, o que seria uma maravilha".
Já Ronaldo Brito concentrou-se nas contradições de Brasília: "É um espaço esquizo, que começa com o contraste entre espaço público e privado", disse, referindo-se ao contraste entre a habitabilidade das Superquadras e a "monumentalidade opressiva" da Esplanada dos Ministérios. "Brasília é o símbolo positivo da vida moderna", um fato que "obriga o Brasil a repensar a si mesmo", declarou.
O encontro dos dois foi quente e acendeu uma reflexão sobre Brasília como há muito não se via, e que se estendeu até as dez da noite.
O debate segue hoje com mais um encontro imperdível, entre Adrian Gorelik e Lorenzo Mammi, dois outros grandes pensadores que vem, respectivamente, de São Paulo e de Buenos Aires, para compor a mesa "Brasília: Sol e Sombra".
Mammi falará sobre "A construção da sombra" - tomando uma foto de Marcel Gautherot como ponto de partida para pensar os elementos do imaginário brasileiro e internacional postos em jogo com Brasília. Já Gorelik discutirá o "caráter inoportuno" de Brasília, tomada como "ponto cego" do pensamento urbano latino-americano. O título da sua fala, aliás, já diz muito: "Sobre la impossibilidade de (pensar) Brasília".

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Uma imagem de Brasília? O chão das Superquadras. É claro que a arquitetura de Niemeyer seduz, a Esplanada dos Ministérios impressiona, a Rodoviária tira o fôlego. Mas não há nenhuma outra cidade no mundo em que o chão vai assim, livre e indiviso, por uma extensão sem fim. E no entanto são poucos - pouquíssimos - os projetos recentes que mostram sensibilidade para essa característica fundamental do Plano Piloto de Lucio Costa. Foi isso, antes de tudo, que me encantou na nova sede do Sebrae. O projeto foi escolhido em concurso público em 2008 e a obra deve estar concluída em poucos meses. E como o seminário no IMS começa amanhã, fica aqui uma imagem produzida em minha deriva recente pelo canteiro de obras, enquanto os autores do projeto - Alvaro Puntoni e Luciano Margotto - se reuniam com engenheiros e consultores no barracão, longe do céu de Brasília.
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Brasília: Imagem, Imaginário / Esta semana serei toda Brasília. O seminário começa na terça, com Paulo Mendes da Rocha e Ronaldo Brito. O auditório do IMS tem 130 lugares e as senhas serão distribuídas a partir das 18 horas. Mas haverá também transmissão simultânea por meio de telão.
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Brasília: Imagem, Imaginário / Ao visitar o canteiro de obras de Brasília durante o Congresso Internacional Extraordinário de Críticos de Arte, em 1959, Tomás Maldonado declarou: “Brasília é uma grande possibilidade e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. O fracasso de Brasília seria um dos maiores traumas da cultura de nossos tempos. Devemos fazer tudo para evitar que venha a falhar.”

A advertência do artista argentino indicava já uma preocupação com os rumos tomados por um viés de modernização que se cumpria e ganhava forma urbana na nova capital, mas também encontrava ali sua expressão-limite.

Ao completar meio século, Brasília se mantém, em grande medida, dentro desse campo de tensões, ao mesmo tempo em que se vê forçada a enfrentar uma série de problemas que ultrapassam em muito sua origem modernista e dizem respeito ao próprio estado crítico das cidades contemporâneas.

O seminário “Brasília: Imagem, Imaginário” tem como objetivo renovar a reflexão sobre essas tensões, explorando, sob diversos pontos de vista, o imaginário construído ao longo do tempo em torno dessa cidade singular e eminentemente simbólica, que se produz e reproduz incessantemente, desde seu momento inaugural, por meio de imagens de extraordinária potência plástica.

As sessões de debate e leitura foram definidas com o intuito de despertar novas possibilidades de ver e pensar a cidade, a partir da sua relação com a arquitetura, as artes plásticas, a fotografia, a história e a literatura.

Integra-se o seminário, assim, à exposição “As construções de Brasília”, também abrigada no Instituto Moreira Salles, como um convite à redescoberta da cidade planejada por Lucio Costa e reinventada cotidianamente no imaginário de todos nós.


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Brasília: Imagem, Imaginário / Peguei um táxi e toquei pro setor hoteleiro. Amanhã a Casa de Lucio Costa completa 10 anos, e eu vou comemorar comme il faut: no Eixo Monumental.

Aproveito também para carregar minha bateria para o seminário "Brasília: imagem, imaginário", que acontece no Instituto Moreira Salles, no Rio, entre 25 e 28 de maio, no âmbito da exposição ora em curso ("As construções de Brasília").

Eis a programação completa do seminário:

25 de maio, terça-feira, 19 horas
"O espaço Brasília"
mesa-redonda com Paulo Mendes da Rocha e Ronaldo Brito / moderação: Ana Luiza Nobre

26 de maio, quarta-feira, 19 horas
"O instante Brasília"
mesa-redonda com Caio Reisewitz, Mauro Restiffe, Tadeu Chiarelli e Heloisa Espada / moderação: Sergio Burgi

27 de maio, quinta-feira, 19 horas
"Brasília, sol e sombra"
mesa-redonda com Adrián Gorelik e Lorenzo Mammi / moderação: João Masao Kamita

28 de maio, sexta-feira, 19 horas
"Dizendo Brasília"
leitura de textos literários sobre Brasília, com Renata Sorrah, Nicolas Behr e Eucanaã Ferraz

Todas as sessões serão gratuitas e realizadas no auditório do IMS, com distribuição de senha a partir das 18 horas. A mesa-redonda do dia 25 poderá também ser acompanhada por um telão, no espaço externo. Vai ser bonito...
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Sigo hoje para Brasília. Levo Bense comigo. O que trarei de volta?


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MUMA / O IAB-RJ divulgou agora à noite o resultado do concurso nacional de projetos para a expansão do Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico: o primeiro lugar ficou com Bruno Luiz Coutinho Santa Cecilia (MG), o segundo com Rochelle Rizzoto Castro (RS) e o terceiro com João Pedro Backheuser (RJ).

Foram atribuídas ainda menções honrosas aos projetos apresentados por José Augusto Fernandes Aly (SP), André Lompreta (RJ), Eliana Maria Soares Gomes (RJ), Marina Grinover (SP), Jaime Marcondes Cupertino (SP), Julio Beraudo Valente (SP), Luis Eduardo Liola de Menezes (SP) e Vinicius Hernandes de Andrade (SP).

A comissão julgadora foi composta por Paulo Bastos, Ruy Rezende, Hector Vigliecca, Pedro da Luz e Ricardo Villar.

Reproduzo aqui uma das pranchas do projeto de Backheuser e equipe, que acabo de receber do Alfredo Brito.

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Plano Cidade / Aos poucos, nosso filme vai surgindo...e eu mesma não páro de me surpreender com o que vamos encontrando por aí. No último final de semana estivemos no Pavilhão de São Cristóvão, que Sergio Bernardes projetou na década de 1950 e hoje - sem cobertura e semi-destruído - abriga uma animada feira nordestina no seu interior.

Da ousadia do projeto original pouco restou, além da carcaça do pavilhão. Mas aqui e ali, entre cabeças de boi, caixas de som e bandeirinhas de São João, ainda encontramos vestígios da sofisticada rede de cabos de aço que um dia cobriu os 30.000 m2 do pavilhão. É um contraste impressionante, sobretudo porque solenemente ignorado pela multidão que frequenta a feira.

Para quem se interessa, vai valer a pena seguir o blog do filme, que colocamos no ar hoje:
planocidade.wordpress.com


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Está aí o convite do Líquida Ação.

Posto 5 / mai 10


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Águas pelo Rio / O coletivo "Líquida Ação" se organiza e convoca para suas próximas ações coletivas: desta vez, a proposta de levar água para chafarizes secos da cidade - que integra o Projeto "Mitolorgias Urbanas: águas férteis", premiado pela FUNARTE - terá como destino três Chafarizes do Mestre Valentim : Praça XV (Centro) / dia 13 de maio, Fonte dos Amores (Passeio Público) / dia 14 de maio e Saracuras (Ipanema) / dia 15 de maio.

O projeto visa ativar a memória da cidade por meio de intervenções efêmeras que guardam forte relação com as artes cênicas. As próximas ações serão precedidas de um encontro geral, aberto a todos, no dia 8 de maio (sábado), das 14 às 18 hs, no Chafariz Fonte do Amores (Passeio Público). Mais aqui: http://coletivoliquidaacao.blogspot.com/