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Lucio Costa / Será nesta segunda, dia 29, às 20 horas, no Palácio Gustavo Capanema (Rua da Imprensa, 16), o lançamento do livro reunindo entrevistas de Lucio Costa que tive o prazer de organizar para a coleção "Encontros" da editora Azougue.

O lançamento será na abertura do Enanparq / Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, junto com o
utros livros, dentre os quais: "Arquitetura+Arte+Cidade: um debate internacional" (organizado por Roberto Segre, Marlice Azevedo, Renato Gama-Rosa Costa e Inês El-Jaick Andrade), "Brasil: Arquiteturas após 1950" (por Maria Alice Junqueira Bastos e Ruth Verde Zein), "Brasília - cidade moderna, cidade eterna" (por Frederico de Holanda), e "Leituras em Teoria da Arquitetura 2" (organizado por Guilherme Lassance, Gustavo Rocha-Peixoto, Laís Bronstein e Beatriz Oliveira).
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Guerra e Paz / A foto ao lado foi extraída do site da UPP - Unidades de Polícia Pacificadora (http://upprj.com/wp/?p=1230), programa de segurança pública que vem sendo implantado pelo Governo do Estado do Rio em favelas dominadas pelo tráfico, e cuja ação desencadeou a guerra a que estamos assistindo, mais uma vez atônitos.

A foto mostra o coral infantil do Morro do Borel, que se apresentou na sexta passada, dois dias antes do inícío dos violentos ataques que já fizeram dezenas de mortos. O texto - intitulado "O beco agora tem saída"- descreve o ambiente festivo da apresentação, realizada na sede do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar):

"Crianças corriam por todos os lados, brincavam e cantavam. Moradores e pais do Morro do Borel tomavam café, conversavam com professores e policiais, e esperavam por uma apresentação que iria emocionar quem estivesse presente.

Os responsáveis pela homenagem não têm mais de 8 anos. Foi em uma das aulas de música do Ciep Doutor Antoine Magarinos Torres Filho, da comunidade, que Augusto Henrique, de 6 anos, Carlos Eduardo e João Pedro Moreira, ambos com 7 anos, e Raquel Santiago, de 8, se inspiraram para compor uma música simples, mas sobre um contexto bem complexo.

Ao som da banda da PM, cerca de 20 crianças da comunidade, cantaram a música “Na Saída do Beco”, que fala sobre o dia-a-dia e o resgate de hábitos e características culturais na comunidade depois da entrada da UPP.

- A gente, hoje, pode fazer o que quiser, pode jogar bola na quadra, correr na rua. Antes não podia. Víamos até tiro passando na janela da escola – conta o ‘compositor’ Augusto.

O outro músico, Carlos Eduardo, já virou frequentador da UPP do Morro do Borel e amigo dos policiais.

- Quando vamos lá, escrevemos nosso nome e o da UPP na palma da mão, como se fosse autógrafo. Tentamos escrever os nomes dos policiais também, para não esquecer – conta Carlos, que já tem muito em comum com os soldados da unidade:

- Quando crescer quero ser militar do exército -, afirma.

Mãe de três alunos do Ciep, Tatiane Regina tem 30 anos, nasceu na comunidade, e conta que a mudança dos filhos, depois da UPP, foi para melhor.

- Posso dizer que foi da água para o vinho. A tranquilidade, a independência de poder ir e voltar sozinha da escola, tudo contribui para que a criança cresça com um temperamento mais tranquilo. "

Eu olho para a foto, no entanto, e vejo a enorme caveira ao fundo, as armas, e me pergunto como é que estas crianças podem ter um crescimento sadio.







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Libeskind / Procurando notícias na TV ontem à noite sobre o disparo da violência no Rio, dei com um sorridente Daniel Libeskind fazendo propaganda de um grande lançamento imobiliário no Brasil. Libeskind é autor do Museu Judaico, em Berlim, e do projeto que vai substituir as torres do World Trade Center, em Nova York. Logo pensei: este será na Barra. Mas o edifício de Libeskind - "um novo conceito de residência em condomínio", segundo o arquiteto, - ficará no bairro do Itaim-Bibi, em São Paulo. Ah, bom.


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Made in China / Há quem diga que ando desnecessariamente aflita com a urgência que vem conduzindo os processos de transformação urbana no Rio. De fato, se nos compararmos à China...

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Pesquisa em Arquitetura / Centenas de pesquisadores em arquitetura e urbanismo do Brasil inteiro vão se encontrar no Rio entre 29 de novembro e 3 de dezembro, durante o I Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. Várias mesas redondas - tratando de temas como Arquitetura e Ambiente, Arquitetura e Saúde, Projetos Urbanos, Industrialização e Planejamento, Historiografia, Patrimônio e Museologia - serão realizadas no Clube de Engenharia, entre terça e quinta-feira. A programação está aqui: http://www.anparq.org.br/congressos/index.php/ENANPARQ/1ENANPARQ/schedConf/schedule#salas
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Anti-matéria / No jornal de hoje, o que me chamou a atenção não foi a notícia de que há nove hotéis em vias de serem construídos no Rio - número equivalente aos novos shoppings na cidade, divulgados há uns 15 dias. Também não foi a nota sobre o projeto do novo Hotel Paineiras - objeto de concurso recentemente organizado pelo IAB - que está sendo refeito, "porque não apareceu interessado em investir R$ 40 milhões no projeto de 40 quartos de luxo". O que não me sai da cabeça é uma notícia publicada sem maior destaque na página de Ciência: diz ela que cientistas trabalhando no LHC, maior acelerador de partículas do mundo, "conseguiram pela primeira vez criar e capturar anti-átomos", o que vai lhes permtir investigar a anti-matéria. Não tenho idéia do que isso pode significar para a arquitetura, mas fico imaginando coisas, sem parar: tudo o que o mundo não é.

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Perimetral / Já estive em Porto Alegre outras vezes, mas nunca junto ao rio. Eu o via de longe, ao fundo de uma ladeira, e só. Mas desta vez parti a pé a caminho do Museu Iberê, passei pelo edifício Santa Cruz e cheguei sem pressa à Usina do Gasômetro. Então alcançei o rio. Ele estava ali, do outro lado da avenida, esperando por mim há anos. Mas antes de ir ter com ele parei na praça, sob uma estrutura meio esquecida.

O viaduto bem podia ter sido demolido, mas por algum motivo ficou ali, interrompido no ar. Alguém pensou em deixar também o trem sobre os trilhos (o que me pareceu desnecessário). E vieram os pichadores, claro.

Logo lembrei da Perimetral, no Rio. Ela está condenada à demolição, e de certo modo justamente: é uma estrutura hostil, que se tornou símbolo dos danos causados à cidade pela febre viária dos anos 50. Mas um grupo da UFRJ estudou uma alternativa à demolição, que será apresentada amanhã (quinta), às 19 hs, no IAB. E quem sabe surja então um lugar para o esquecimento.


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Viva Bernardes / Chegando de Porto Alegre, onde estive apresentando o projeto de Sergio Bernardes para o Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Bruxelas (1958), fico sabendo que o tão esperado livro sobre o arquiteto carioca está com lançamento marcado: será dia 15 de dezembro, às 20:00, na livraria Argumento do Leblon (Rua Dias Ferreira).

O livro, organizado por Lauro Cavalcanti, reúne uma grande quantidade de material sobre projetos executados e não-executados de Sergio Bernardes e textos de vários autores sobre a sua obra - dentre eles Alfredo Britto, Fares El-Dahdah, João Pedro Backheuser, Guilherme Wisnik, Rafael Cardoso Denis e eu. A edição é da Artviva.

Parece mentira, mas será o primeiro livro, de fato, sobre a obra de Bernardes, um dos maiores arquitetos brasileiros - responsável, entre outros projetos, pelo Pavilhão de São Cristóvão, no Rio, a Casa de Lota Macedo Soares, em Petrópolis, o Hotel Tambaú e o Centro de Conveções, em João Pessoa, o Mausoléu Castello Branco, em Fortaleza, e o polêmico mastro da Bandeira na Praça dos Três Poderes, em Brasília (na foto acima).
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Festa na Laje / Liguei a TV, meio à toa, e fui parar em cima de uma laje no Complexo do Alemão. "Depois rola o mocotó", ótimo documentário de Debora Herszenhut e Jefferson Oliveira, me fez ver diversos usos da laje, que de simples elemento de cobertura se tornou espaço protagonista de muitas favelas cariocas. E antes de traçar meu mocotó, quero dizer que concordo com Dona Vera: "quem tem laje tem tudo”.




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MIS / Depois do silêncio que se seguiu ao resultado do concurso fechado para a nova sede do MIS/Museu da Imagem e do Som, em Copacabana, chegou a hora de conhecer o projeto. Quinta-feira próxima a arquiteta Elizabeth Diller - titular do escritório nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro, vencedor do concurso - apresenta o projeto: na PUC, às 19h, no Auditório Padre Anchieta.
Entre os projetos mais recentes do escritório há vários em Nova York, como a reforma do Lincoln Center, a ampliação da Juilliard School e a requalificação do High Line - este, realizado em parceria com o escritório de paisagismo Field Operations, de James Corner.
No projeto do MIS, o escritório de Elizabeth Diller conta com a colaboração local do escritório de Índio da Costa - vencedor do ainda misterioso concurso para a Marina da Glória.
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Porto Urgente / Não me perguntem por quê, mas foi adiado de novo o lançamento do concurso para instalações olímpicas no Porto: será dia 9, terça próxima, às 15 hs. Sempre no Palácio da Cidade, em Botafogo.



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Finados / Hoje é dia dos mortos. E eu, que ainda não morri, aproveito para fazer um pedido: quando eu morrer, levem-me para Estocolmo. Não quero meu corpo sendo arrastado pelas alamedas deprimentes do São João Batista, depois de ter sido velado numa saleta qualquer. Salvem-me, por favor, da feiúra, da frieza e sobretudo do descaso com a morte. Tenho vivido uma vida digna, e mereço morrer dignamente. E já que isso a minha cidade não permite, levem-me, por favor, para Estocolmo, onde neva e faltam amigos, mas a morte pode ser bela.

Posto 11 / nov 10







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Ser Urbano / Campus da PUC, sexta passada: Arquitetura em Líquida ação.