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Maracanã, Marina, Brahma, Ministério... / O que será do Maracanã e da Marina da Glória depois da Copa e das Olimpíadas? Ambos são tombados a nível federal e guardam uma relação indiscutivelmente forte com a paisagem, a cultura e a história da cidade. Mas as informações disponíveis sobre os projetos de reestruturação dos dois espaços, até agora, são tão vagas que quase nada se sabe além do pouco que tem sido noticiado na imprensa. Daí a importância dos dois estudos produzidos recentemente pela arquiteta Claudia Girão, do IPHAN, que foi atrás dos projetos e dedicou-se a examiná-los em profundidade.

Segundo ela, as reformas em andamento (do Maracanã, segundo projeto do arquiteto paulista Daniel Fernandes), ou em vias de serem iniciadas (da Marina, segundo projeto do arquiteto Luis Eduardo Índio da Costa) desconsideram claramente os critérios de tombamento vigentes e envolvem sérios riscos de uma descaracterização irreversível.

Alguém dirá que é alarmismo. Mas a marquise do Maracanã, por exemplo, já está sendo demolida para ser substituída por um cobertura de lona supostamente exigida pela FIFA - e isso, apesar dos protestos públicos dos arquitetos Nestor Goulart Reis Filho e Italo Campofiorito, que participaram do processo de tombamento deste que é o único estádio brasileiro tombado pelo IPHAN.

Já no caso da Marina - cujo anteprojeto recebeu uma autorização preliminar do Conselho Consultivo do IPHAN em maio deste ano – há, segundo Claudia, a previsão de um imenso estacionamento de quase 60 mil m2, que não só vai gerar um enorme movimento de terra no parque projetado por Burle Marx como também um movimento de veículos indiscutivelmente perturbador para o parque.

No entanto, essa informação, aparentemente, não foi comunicada ao Conselho do IPHAN, que sequer recebeu qualquer parecer técnico ou pranchas do anteprojeto; apenas um dossiê A4 encadernado, sem plantas, cortes e fachadas, e áreas construídas. Assim, ao que tudo indica, algumas informações básicas ainda não foram passadas ao Conselho, como a indicação do deck de 12 mil metros quadrados que se pretende cravar sobre estacas na enseada da Glória, e deverá ser encimado por uma construção de 5,50m de altura. É verdade que o projeto executivo ainda deve ser submetido ao Conselho (que, por ora, exigiu da EBX um Termo de Compromisso garantindo o acesso público ao espaço). Mas motivos de apreensão não faltam.

Basta lembrar o caso recente da fábrica da Brahma, no Catumbi, que foi destombada pelo próprio governador do Rio, Sérgio Cabral. E para que? Para permitir obras de ampliação do Sambódromo visando a construção de equipamentos olímpicos no local, que envolveram a negociação, com uma empresa privada, de índices de construção ampliados para o terreno da antiga cervejaria - implodida em junho deste ano. (ver post anterior: http://posto12.blogspot.com/search?q=%C3%A1ureo)

Também convém lembrar o alerta insistente da arquiteta Maria Elisa Costa sobre as obras de “retrofit” que ameaçam o Palácio Gustavo Capanema (antigo Ministério da Educação), monumento máximo da arquitetura moderna no Brasil, também tombado pelo IPHAN. (ver post anterior: http://posto12.blogspot.com/2011/07/posto-07-jul-11.html)

Enfim, eu gostaria que os dois estudos da arquiteta Claudia Girão estivessem errados. Mas eles resultam da análise mais cuidadosa que vi até agora dos projetos em questão, incluindo um precioso histórico de projetos anteriores e dos respectivos processos de tombamento, sem deixar muita margem para dúvida. É só ver aqui:














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