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Urbanismo / Uma coisa que aprendi, com os jornalistas com os quais tive o prazer de trabalhar, é que o fato e a notícia são coisas muito distintas. Isso é particularmente evidente no Rio hoje, em que há tanta notícia e tão poucas fontes confiáveis.

Vejam esta notícia, por duas fontes radicalmente opostas (a primeira extraída do portal da prefeitura, e a segunda do blog do ex-prefeito e atual vereador Cesar Maia):

"Novo assessor vai aconselhar prefeito sobre assuntos urbanos

21/05/2013
O presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), o arquiteto e urbanista Washington Farjado, foi designado assessor especial do Prefeito Eduardo Paes para Assuntos Urbanos, por meio do decreto publicado nesta terça-feira (21/05) no Diário Oficial do Município.

Caberá ao novo assessor aconselhar o prefeito em todos os temas relativos à requalificação urbana da cidade e ao desenvolvimento do pensamento estratégico. O assessor deverá analisar e se manifestar, quando necessário ou por solicitação do executivo, sobre qualquer intervenção urbana na cidade.

O decreto incrementa a preservação do acervo patrimonial, cultural e natural da cidade do Rio de Janeiro, declarada ano passado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco)."




Através do Decreto nº. 37183 de 20 de maio de 2013, publicado no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro - 21/05/2013, o prefeito do Rio transferiu competências da secretaria municipal de urbanismo a seu assessor especial. O decreto dispõe sobre a função de Assessor Especial do Prefeito para Assuntos Urbanos. 

O artigo terceiro do decreto não poderia ser mais contundente. Art. 3.º Caberá ao Assessor Especial do Prefeito para Assuntos Urbanos:
 

I - aconselhar o Prefeito em todos os temas envolvendo a requalificação urbana da cidade e o pensamento estratégico nela envolvido, bem como a respeito das intervenções urbanas realizadas em âmbito municipal;
 
II - servir como órgão de interlocução do Prefeito perante a sociedade civil, os meios de comunicação e os demais órgãos da administração municipal, a respeito de qualquer questão que envolva a requalificação urbana da cidade e as intervenções urbanas realizadas em âmbito municipal;
 
III - analisar e se manifestar, quando entender necessário ou a pedido do Prefeito, sobre qualquer intervenção urbana relevante realizada no âmbito do Município do Rio de Janeiro.

Na prática, a secretaria de urbanismo em suas funções precípuas é extinta, sendo transformada em uma secretaria de mero processamento de licenças para construir, de licenças para demolir e de formalização dos habite-se, além das fiscalizações relativas. Assim mesmo em penúltima instância, pois a palavra final, a seu critério e arbítrio -"quando entender" caberá ao assessor especial de assuntos urbanos do prefeito.
 

Ex-Blog Cesar Maia
 


Li e reli os dois textos várias vezes. E por mais que seja difícil dar razão a Cesar Maia,  desta vez parece que ele tem um ponto. É compreensível, e até louvável, que o atual prefeito sinta a necessidade de ter alguém que o auxilie mais de perto neste momento crucial para a cidade, em que há tantos projetos e obras em curso, conduzidas num ritmo cada vez mais acelerado. Também não cabe discutir o mérito da sua escolha. O problema está em transferir a um assessor especial - a quem já cabem, aliás, funções fundamentais (e numerosas) ligadas à preservação do patrimônio cultural e paisagístico da cidade - atribuições que são próprias do Secretário de Urbanismo. É de se supor que o Secretário (ou Secretária, no caso) esteja apto a responder por qualquer intervenção urbana na cidade, e seja a autoridade máxima no assunto dentro da equipe do prefeito. Se sua atuação neste sentido não é satisfatória, que seja substituído nas suas funções, sem prejuízo da autoridade que cabe à Secretaria. Por mais que a intenção do prefeito possa ser boa, a decisão não só limita o raio de ação e esvazia uma das Secretarias mais importantes neste momento, como corre o risco de criar uma disputa interna que pode ser muito mais prejudicial que produtiva para a cidade.


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Mais MAR, agora na leitura de João Masao Kamita, professor da PUC: www.masaokamita.blogspot.com.br
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Mapas e Mapeamentos / Lize Mogel, artista e ativista norte-americana, é uma espécie de contra-cartógrafa, que trabalha com a desestabilização da suposta verdade contida nos mapas e sistemas tradicionais de mapeamento e representação cartográfica. Um dos seus trabalhos recentes é a organização do excelente "Atlas of radical cartography" (http://www.an-atlas.com/), que reúne 10 mapas e ensaios que mexem com a nossa compreensão das redes sociais e de poder vigentes.

Lize estará sexta próxima, dia 7, no simpósio "Novas Cartografias", realizado pelo CampoAUD no Studio X/Centro Carioca de Design na Praça Tiradentes. Também na sexta tem Fabio Lopez, designer e professor da PUC-Rio, autor do "War in Rio", versão sarcástica do conhecido jogo "War", dedicada ao Rio (http://www.jogowarinrio.blogspot.com.br/). E Natália Santos e Patrícia Azevedo, representantes do Wikimapa (http://wikimapa.org.br/), projeto de mapeamento de áreas marginalizadas e em geral invisíveis nos mapas oficiais da cidade, com base no uso de tecnologia móvel por jovens de baixa renda.

O simpósio - que vai de quarta a sexta, sempre de 16 às 21 hs  - é uma extensão da exposição homônima,  que pode ser visitada desde a semana passada no mesmo espaço e inclui o mapa digital do Rio construído por Gabriel Duarte e equipe, que estará na Bienal de Arquitetura de São Paulo. Tudo aqui: www.novascartografias.org





 
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Timeline RioNOW / As discussões e atividades ligadas à Bienal de Arquitetura de São Paulo levaram à  organização de um grupo sediado no Curso de Arquitetura da PUC, que vem trabalhando no projeto de duas exposições sobre o Rio: "O Rio do Futuro de Sergio Bernardes" (focada numa visão abrangente do arquiteto para a cidade, típica das tecno-utopias dos anos 60) e "RioNOW" (sobre o Rio hoje).
 
A exposição RioNOW tem como fio condutor uma linha do tempo que registra os principais acontecimentos relacionados ao processo de transformação urbana em curso no Rio desde outubro de 2009, quando a cidade foi escolhida sede das Olimpíadas de 2016.
 
Na Bienal será exposta a primeira etapa da pesquisa, por ora estruturada em 3 eixos principais: Transformações urbanas no Rio, Exposições e eventos artísticos no Rio e Brasil. O trabalho está sendo registrado numa plataforma colaborativa, aberta a contribuições de todos, que deverá se estender até a inauguração dos jogos e nos ajudar a acompanhar e analisar o acelerado processo de transformações que vivemos hoje. Aqui: www.timelinerionow.blogspot.com.br 
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Casas marcadas / "Minha casa, minha vida é onde eu moro", diz Márcia, da janela da sua casa no Morro da Providência, a mais antiga favela do Rio, localizada atrás da Central do Brasil. A casa de Márcia é uma das "casas marcadas" para demolição devido às obras do Porto Maravilha, num processo em curso que permite paralelos com a truculência de reformas urbanas que o Rio viveu no passado, como a abertura da av Pres Vargas sob o regime ditatorial do Estado Novo, nos anos 40. É o que mostra o documentário abaixo.
 


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Anhangabaú / Que coisa mais bonita aqueles balanços gigantes pendurados no Viaduto do Chá, domingo passado. Quase nos esquecemos ali, no vai-e-vem gostoso da infância, o vento batendo no rosto, alguma música sob o céu cinza de São Paulo. Que delícia, a cidade.
 
 
(mais aqui, no facebook da Bienal: www.facebook.com/xbienaldearquitetura)
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Vila Olímpica / Pra quem, como eu, ainda se pergunta como será a Vila Olímpica, está aí o video da "Ilha Pura" , que terá 31 edifícios de 17 andares, já em construção pela Carvalho Hosken e Odebrecht na Barra da Tijuca, e será "um dos melhores lugares para se viver no Rio de Janeiro".



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China / Nesta quarta, dia 15, às 19 hs, o arquiteto, crítico e curador de arquitetura chinês Jiang Jun fará uma palestra sobre a China no auditório do RDC da PUC.
Jun é Editor da Revista Urban China, fundador do Underline Office e curador do Pavilhão Chinês da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2014 (cujo curador geral é o arq. Rem Koolhaas).
 
A palestra tratará do processo de urbanização recente na China, e terá tradução simultânea.
Fica portanto adiada para outra data (a ser anunciada oportunamente) a mesa-redonda sobre Velódromos, do ciclo "Grandes eventos e transformações urbanas no Rio de Janeiro".
Jiang Jun - Palestra
A China como civilização - relações entre a geografia histórica e as transformações recentes na China
 
Jiang Jun nasceu em Hubei, em 1974, recebeu o grau de bacharel na Universidade de Tongji em Xangai e tem mestrado na Universidade de Tsinghua, em Pequim. É professor na Guangzhou Academia de Belas Artes e professor visitante da ESRC Centre of Oxford University. Designer e crítico, vem trabalhando na pesquisa urbana e estudo experimental, explorando a relação entre fenômeno de design e dinâmica urbana. Suas principais obras envolvem urbanismo, arquitetura, design e arte, incluindo Casa Non-up-and-down, do Projeto Bar-Net, H2O, Shopping Utopia;  escritos e críticas, incluindo: Something from Nothing, CE, Metamorphosis, desmaterializada, Quase , Cidade Tense, produtos sociais, Dirtitecture, etc. Também é responsável pelo pavilhão da China na próxima Bienal de Veneza, dirigida por Rem Koolhaas.





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Velódromo / O segundo debate do ciclo "Grandes eventos e transformações urbanas no Rio de Janeiro" será realizado na próxima quarta, dia 15, às 19 hs, no auditório do RDC da PUC-Rio, com o arquiteto João Pedro Backseuer (BLAC) e o engenheiro inglês Ed McCann (Expedition Engineering), que apresentarão respectivamente os projetos dos velódromos dos jogos olímpicos do Rio e de Londres.

Backheuser está envolvido em vários projetos para o Rio, como o Porto Olímpico (vencedor do concurso público realizado pelo IAB) e o Pier em E (apresentado como alternativa ao Pier em Y proposto pela Companhia Docas na área portuária). Já McCann esteve à frente de projetos complexos e multi-disciplinares como a "Infinity Bridge" (Stockton-on-Tees), o Terminal 5 do aeroporto de Heathrow, e o projeto de desenvolvimento de recursos hídricos para a Olimpíada de Londres de 2012.

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Chamada aberta Bienal / Para quem se interessa em expor/ativar trabalhos, propor ações, realizar intervenções na X Bienal de  Arquitetura de São Paulo, as instruções estão aqui (em português e inglês): http://www.iabsp.org.br/
Não há limitações disciplinares ou programáticas para as propostas a serem apresentadas, que serão selecionadas pela equipe curatorial a partir da sua relação com o tema da Bienal: "Cidade: modos de fazer, modos de usar".

Posto 5 /mai 13


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Esquenta Bienal / Começamos o dia em Santa Teresa, diante do mapa do Rio (em construção por Gabriel Duarte e equipe). Dali descemos até o Cosmopolita, para um glorioso filé, e seguimos a pé até o MAR, passando pela Cinelândia, Treze de Maio (de tão limpo, quase perdi o vazio deixado pelos edifícios que desabaram atrás do Teatro Municipal), Largo da Carioca, av Rio Branco, Terminal Menezes Cortes, Praça XV, Arco do Teles, Ouvidor (livraria Folha Seca), Casa França Brasil (exposição Laercio Redondo), Pier Mauá, Praça Mauá, Perimetral, Cais do Valongo, Jardins do Valongo, e de volta à Lapa, para um chopp no Bar Brasil e outro mais adiante, no Capela. Mas este foi só o primeiro dia. No outro, subimos o Alemão de teleférico, passamos por Manguinhos, traçamos um bacalhau na Cadeg, tomamos um banho de sol no Piscinão de Ramos e fomos até a Maré (exposicão Travessias, no belo galpão transformado por Pedro Évora). Encerramos o sábado no Baille de Charme de Madureira. No dia seguinte o sol continuava brilhando mas eu dormi até tarde, claro, e perdi o mergulho no Leblon, antes do avião de volta pra São Paulo que os livrou do temporal que paralisou o Rio esta manhã.
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Bienal / Nesta quinta, dia 2, às 19:30 hs, os curadores da X Bienal de Arquitetura de São Paulo (Guilherme Wisnik, Ligia Nobre e eu) estaremos na sede do IAB-RJ (R do Pinheiro, 10, Flamengo), para uma apresentação pública da proposta da Bienal, que será realizada entre 28 de setembro e 24 de novembro em São Paulo (e inclui duas exposições sobre o Rio). No encontro apresentaremos também a chamada de trabalhos para a Bienal, aberta a trabalhos, projetos, obras e ações (de profissionais, estudantes, arquitetos, designers, artistas, coletivos etc) ligadas ao tema "Cidade: Modos de fazer, modos de usar". O convite vale para todos.
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Grandes eventos e transformações urbanas no Rio / A primeira mesa é quinta, às 19 hs, na PUC (edifício IMA), com foco nos projetos e estratégias públicas para os jogos olímpicos no Rio. 
 
A mesa é composta por Bernardo Carvalho, representante da Empresa Olímpica Municipal, Gustavo Nascimento, do Comitê Olímpico Rio 2016, e pelo arquiteto inglês Adam Williams, que apresentará pela primeira vez na PUC o projeto do Parque Olímpico, que venceu o concurso organizado pelo IAB e está em andamento em ritmo acelerado, com obras já iniciadas na imensa área antes ocupada pelo Autódromo, na Barra da Tijuca.

A coordenação geral do ciclo é minha e da profa. Claudia Escarlate (CAU/PUC-Rio/Empresa Olímpica Municipal), e a organização de Ana Altberg (Empresa Olímpica), com apoio de Carolina Chataiginer e Mateus Rosa (CAU/PUC-Rio).
 
A programação se estenderá ao longo do semestre, sempre na PUC (R. Marques de São Vicente, 225, Gávea). Todas as mesas e palestras são abertas a todos, e serão divulgadas aqui.


Posto 4 / abr 13


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MAR / É de Sérgio Bruno Martins a melhor crítica que li até agora do MAR/Museu de Arte do Rio, recém-inaugurado na Praça Mauá:
http://www.blogdoims.com.br/ims/o-mar-de-cima-a-baixo-%e2%80%93-por-sergio-martins/

Mas há algo ainda que me deixou particularmente atônita: o fechamento de vidro no térreo do prédio modernista, que cerca e abate o espaço do pilotis, cujo grau de liberdade e urbanidade é justamente um dos legados mais importantes da arquitetura moderna no Rio de Janeiro.