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Véu de noiva / Não há de ser por acaso a semelhança com o último trabalho de José Resende na Mooca, em São Paulo (Canteiro de Operações, com Nelson Brissac e Heloisa Maringoni). Também este canteiro fica numa região central em acelerada mutação, marcada por um eixo viário que corta uma área de passado industrial, onde velhos galpões vão sendo substituídos por um padrão arquitetônico e urbanístico perverso, sob a pressão dos negócios que impulsionam a estratégia de revitalização da área. Mas a tela branca que cobriu os vagões sucateados ao longo do ramal ferroviário mais parece agora o véu de uma noiva, que incorpora e recobre o imperativo pulsional da cidade e se oferece como um estranho objeto de desejo, na borda/perímetro vida/morte. A seus pés, ao longo de centenas de metros, se alinham pilhas de pneus, latões, estacas de ferro e montes de areia, à espera do grande momento. Serão quatro toques sonoros, e não mais que 10 segundos de explosão. A cerimônia será realizada no próximo domingo, dia 24 de novembro, às 7 da manhã. Já terão dono então as 9 mil toneladas de aço que vão a leilão amanhã.

 

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