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Berlim / A primeira vez que estive em Berlim foi em 1994. Cinco anos depois da queda do Muro a cidade era um canteiro de obras só, e nada me marcou mais do que a imagem dos inúmeros braços metálicos que se moviam lentamente por todos os lados, colossais e meio fantasmagóricos. A memória me veio hoje quando pisei no centro da cidade. Confesso que ainda não sei muito sobre a obra que está crescendo ali na Primeiro de Março, junto ao Tribunal. Mas o fato é que antes de atravessar a rua senti um estranho frio na espinha. De repente, aquela imagem - tão contrastante com a impassibilidade do Pão de Açúcar ao fundo - resumiu pra mim o processo de transformações urbanas que se acelera aqui, e o misto de potência e ameaça que o Rio é hoje. E então lembrei também do comentário que ouvi do Pedro Moreira, anos depois da minha primeira passagem por Berlim, enquanto caminhávamos pela Friedrischstrasse: "dizem que esta é a cidade onde os melhores arquitetos contemporâneos fizeram as suas piores obras". Novo calafrio.

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