4




Alumínio / Desde que a Noemi me falou dessa cidade, ela não me sai da cabeça. Alumínio. Pode uma cidade ser chamada assim? Como serão suas casas, ruas, pessoas? De que serão feitas suas portas e janelas? Que formas terão suas praças, que cheiro terá sua terra, que cores terão seus amores? E quem nasce lá, como se chama?

A probabilidade de que essa cidade seja fruto da imaginação da Noemi é grande. Mas ela me atingiu de tal maneira que desenvolvi olhos novos para tudo à minha volta: a janela do meu banheiro, o papel com que levo as berinjelas ao forno, a lata de cerveja que guardo para uma visita inesperada (ou será para mim mesma?), o carrinho que ganhei do meu sobrinho, o avião que me leva e traz. Será que essas coisas todas saem de Alumínio? E se saem, por que caminhos chegam até mim?

Se quiserem acreditar, Alumínio é um município do estado de São Paulo, com cerca de 15.000 habitantes, que guarda em sua memória uma estação de trem e uma fábrica de cimento, construídas no séc. XIX, e hoje vive agarrada a uma fábrica de alumínio (uma das maiores do país).

Dito isto, devo acrescentar que não muito longe existe uma outra cidade, igualmente próspera, chamada Votorantim - a qual, como o nome indica, vive agarrada a uma fábrica de cimento (uma das maiores do país, também, e por sinal pertencente ao mesmo grupo). Motivo suficiente para ir até lá já tenho, então. Mas partir do Rio rumo a Alumínio, ou Votorantim, já me parece inverossímil demais. Acho que preciso daquela cerveja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário