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Cidade? / Não canso de recomendar aos meus alunos que leiam Koolhaas. Para mim, é o pensamento mais vivo sobre a cidade contemporânea, e por isso mesmo fundamental neste momento em que o Rio se vê diante de tantas transformações.


Três de seus textos de referência sobre o assunto - Junkspace, Generic City e Bigness - foram publicados recentemente em português (de Portugal) no livro "Três textos sobre cidade", da editora Gustavo Gili.


E agora surgiu uma entrevista na Internet em que, talvez pela primeira vez, Koolhaas fala do Rio. A entrevista começa assim: "As características mais importantes que usamos para definir cidades - que nós definimos tipicamente em termos de espaços públicos, coerência de ruas, praças, composição geral - essas terminologias estão se tornando cada vez menos relevantes para a compreensão do que é a cidade. Se você olha para Dubai ou Beijing ou qualquer coisa no Pearl River Delta, por exemplo, o que vê é que há uma liberdade muito grande aplicada à noção de cidade. A profissão da arquitetura está equipada para lidar com um tipo de cidade - a cidade que tem forma - e permanece, quase por inteiro, inadequadamente equipada para pensar num outro tipo de cidade."


E não falta um alerta dirigido especificamente ao Rio: "se você olhar para o Rio agora, vê que algumas favelas estão sendo consideradas dignas do status de Patrimônio Mundial. Então existe obviamente uma grande consciência quanto ao valor das coisas existentes. Mas isso tem um efeito paradoxal: as coisas existentes são muito acriticamente mantidas porque nem todas realmente merecem vida eterna."


A entrevista está aqui: http://www.pwc.com/us/en/cities-of-opportunity (tem uma versão reduzida em vídeo, mas entrando na seção Interviews é possível também baixar a versão integral , transcrita, em PDF).

Um comentário:

  1. sim, o koolhaas é esperto. mas convenhamos q dubai ou a china, por mais q desafiem as cidades tradicionais, não são exatamente um modelo de cidade a ser seguido né?
    no fundo, o koolhaas, talvez seja o último arquiteto relevante da linhagem moderna (uma espeçie de le corbusier mais pop e mais star) e profeta de uma modernidade q já não mais se justifica no mundo desenvolvido, mas que nunca esteve tão potente no sul, inclusive por aqui.
    seus escritos fazem muito bem à arquitetura, essa prática senil e caduca, mas seu pensamento sobre as cidades nada mais são que manifestos ao "grande salto pra frente", que por aqui continuamos a chamar de progresso ou desenvolvimento. e que sentimos na pele diariamente os efeitos sensíveis de sua violência intrínseca...

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