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Museu do Açude / A casa está fechada, o chão coberto de folhas. Havia mais quatro ou cinco carros estacionados lá fora, mas não vejo muitas pessoas aqui.
Deve ser o carnaval (ainda). Ou a dificuldade de acesso (a cidade está longe).
Mas é sábado, é manhã, e seguimos mata adentro.
Na ausência de mapas, ficamos mais atentos aos sinais.
Logo, toda a infância volta: árvore é pra subir, rio é pra atravessar, pedra é pra pular ou sentar.
Assim vamos descobrindo Oiticica, Edu Coimbra, Nuno Ramos, Lygia Pape.
José Resende demora mais. Os cabos de aço romperam, a lâmina de mármore partiu e talvez tenha sido arrastada pela água. Resta a treliça metálica, quase soterrada no fundo do vale. E alguns fragmentos da pedra um dia branca, hoje tomada por musgo. A placa coberta de terra diz que a obra está em recuperação. Espero que esteja mesmo. Mas não deixo de gostar dela assim, em estado de colapso. As margens são instáveis, afinal. E mesmo os açudes beiram o desequilíbrio, eu sei.


(A única foto que encontrei da instalação original de José Resende está aqui://www.ceramicanorio.com/conhecernorio/museudoacude/museudoacude.html. As outras - dos trabalhos de Oiticica, Coimbra e Resende hoje - devo à Cecilia Cotrim).

Um comentário:

  1. Recomendo uma visita ao Parque da Cidade aonde as esculturas da Celida Tostes e do Jesper Neegard (o mesmo do Solar Wind no Santos Dumont) estão em um estado deplorável, fora a casa e o entorno.

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