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Do Possível e do Impossível em Brasília / "Brasília foi inaugurada mas não está pronta", disse Paulo Mendes da Rocha terça-feira no IMS, diante de uma platéia de cerca de 200 pessoas, que se dividiram entre o auditório e o telão instalado no jardim de Burle Marx. O arquiteto declarou-se contrário ao tombamento do Plano Piloto. E provocou o pensamento preservacionista com uma imagem forte: "vejo Brasília destruída pelo povo, o que seria uma maravilha".
Já Ronaldo Brito concentrou-se nas contradições de Brasília: "É um espaço esquizo, que começa com o contraste entre espaço público e privado", disse, referindo-se ao contraste entre a habitabilidade das Superquadras e a "monumentalidade opressiva" da Esplanada dos Ministérios. "Brasília é o símbolo positivo da vida moderna", um fato que "obriga o Brasil a repensar a si mesmo", declarou.
O encontro dos dois foi quente e acendeu uma reflexão sobre Brasília como há muito não se via, e que se estendeu até as dez da noite.
O debate segue hoje com mais um encontro imperdível, entre Adrian Gorelik e Lorenzo Mammi, dois outros grandes pensadores que vem, respectivamente, de São Paulo e de Buenos Aires, para compor a mesa "Brasília: Sol e Sombra".
Mammi falará sobre "A construção da sombra" - tomando uma foto de Marcel Gautherot como ponto de partida para pensar os elementos do imaginário brasileiro e internacional postos em jogo com Brasília. Já Gorelik discutirá o "caráter inoportuno" de Brasília, tomada como "ponto cego" do pensamento urbano latino-americano. O título da sua fala, aliás, já diz muito: "Sobre la impossibilidade de (pensar) Brasília".

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