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Favor não tocar / Hoje é feriado no Rio (de novo), e decidi conferir algumas exposições inauguradas recentemente no centro da cidade. A primeira parada foi no MAM, que abriga uma mostra comemorativa dos 50 anos da 1ª Exposição Neoconcreta, além de uma exposição de Carla Guagliardi. Já desisti de interagir com os bichos de Lygia Clark há muito tempo, mas ao me deparar com "O lugar que eu respiro" de Carla, um trabalho em tubos de cobre e balões de borracha que sugere o espaço de um cômodo habitável, tomei uma abertura no chão como um convite ao ingresso. Qual o quê. Imediatamente fui instada a me afastar, diante das palavras de reprovação da funcionária do museu.

Saí dali um tanto aborrecida – não foi nesse mesmo museu que nasceu o Neoconcretismo?? - e toquei para o Centro Cultural da Justiça Federal, na av Rio Branco, que é um dos espaços expositivos mais esdrúxulos do Rio, mas desde ontem hospeda a exposição “A Rua é nossa...”, ligada ao Ano da França no Brasil. Já conhecia o Institut pour la Ville en Movement, mas estava curiosa para experimentar o jogo “Pedestre”, de Daniela Brasil, Marcus Handofsky e Bernhard König, do qual tinha ouvido falar. Mal me aproximei da mesa, porém, e ouvi atrás de mim a mesma voz enérgica: “Senhora, não!”

Lembrei então que, não faz muito tempo, encontrei no Kunstmuseum de Stuttgart um trabalho de Bruce Nauman muito semelhante a outro que havia visto antes no MAM daqui. O trabalho consiste basicamente numa cadeira e numa viga metálica, ambas penduradas no teto, a uma certa distância entre si. Como, aqui, havia sido impedida de tocar a obra, limitei-me a olhá-la à distância no museu alemão. Estava ali num canto da sala, contemplativa, quando um funcionário do museu, que devia ter seus 80 anos, passou por mim em absoluto silêncio, dirigiu-se ao centro da sala e golpeou com toda a força a cadeira contra a viga, causando um estrondo que chegou a estremecer as estruturas do edifício. Diante do meu atordoamento, ele não disse uma só palavra. Apenas olhou para mim, e seus olhos brilhavam de orgulho.

2 comentários:

  1. olá ana luiza,

    lamentamos que você não possa ter visto nosso jogo. mas já estamos tratando do assunto e esperamos que a partir desta semana o jogo já esteja disponível com apoio de monitores. Na abertura todos puderam jogar e se você foi lá na quinta, devia ainda estar uma bagunça, porque os funcionários da limpeza e segurança ainda não haviam recebido instruções de como arrumar o espaço do jogo. Também já tratamos deste assunto.
    De qualquer maneira estaremos disponibilizando o jogo em versão pdf para download, assim todos que quiserem poderão imprimir uma versão caseira e jogar com os amigos em casa.

    obrigada pela visita, anyway.

    de resto compartilho a decepção com o tratamento dado ao trabalho da lygia clark.



    saudações
    daniela

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  2. caio calafate4/5/09 19:52

    é ana...fui conferir a exposição “A Rua é nossa...” e não pude jogar também! Além disso só consegui o folheto da expo porque perguntei ao segurança sobre ele...eles o guardam em um armário pois segundo os mesmos "as pessoas pegam muitos ao mesmo tempo...mas enfim, achei que tinham alguns projetos interessantes expostos, apesar de já conhecer muitos deles, até meio batidos...o blog é uma beleza!!!estou sempre ligado!!!parabéns...

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