3
Os postos de salvamento que pontuam a orla carioca foram projetados por Sergio Bernardes na década de 70 e sobrevivem, do Leme à Barra, como testemunhos de uma concepção de projeto que não faz distinção entre arquitetura e design. O projeto resiste aos desaforos que lhe foram feitos ao longo do tempo: a propaganda abusiva, as grades grosseiras, o “puxadinho” da cobertura...Pensados em série, os postos são marcos urbanos discretos mas eficazes: aqueles corpos de planta oval, ora semelhantes a proa de um barco, ora a um silo, são logo identificáveis na sinuosa paisagem carioca. E além disso, basta uma praia para que provem o prazer de uma ducha gelada bem ali, onde a areia encosta no asfalto. Os postos incorporam várias funções: o térreo serve ao público, com banheiros e duchas, e o nível superior, reservado à vigilância dos salva-vidas, guarda caixa d´'água e mirante. Mas é o inevitável isolamento do tecido urbano que lhes permite seguir meio indiferentes a tudo o que os cerca, como quem oferece, apenas, abrigo.