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O IAB e o Rio / É muito bom constatar que os arquitetos estão recuperando um papel de destaque nas discussões sobre a cidade, como ficou claro esta semana na cerimônia do anúncio do resultado do concurso do Porto Olímpico, que levou à sede do IAB um número expressivo de autoridades públicas, arquitetos, estudantes e jornalistas, entre brasileiros e estrangeiros.

A presença do próprio prefeito na cerimônia mostrou que ele não só respeita a instituição como se sente à vontade na casa dos arquitetos, e o tom que imprimiu à sua fala revelou um tom de camaradagem poucas vezes visto entre os arquitetos e a prefeitura do Rio de Janeiro, mesmo na gestão do arquiteto e prefeito Luiz Paulo Conde.

Se o IAB, porém, aceitar ser “uma extensão da prefeitura”, como sugeriu então o prefeito, irá se comprometer e comprometer a própria prática da arquitetura. Como organização profissional essencialmente ligada à arquitetura e à cidade, o IAB deve procurar sempre manter boas relações com a prefeitura, claro. No entanto, como instituição não-governamental que também é, deve cuidar igualmente de resguardar sua independência em relação ao poder público, em todas as suas instâncias. A autonomia, afinal, é uma condição indispensável à reflexão e ao exercício da crítica, tão necessário quanto a prática projetual da arquitetura e do urbanismo, que no Rio felizmente vem se intensificando.
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Porto Olímpico / Mais sobre o concurso, inclusive imagens dos outros projetos premiados, aqui: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/06/110628_olimpiada_concurso_jc.shtml
e aqui:

Em tempo: vários projetos contaram com a participação de arquitetos estrangeiros. O primeiro colocado (João Pedro Backheuser), por exemplo, trabalhou em associação com arquitetos de Barcelona (Luis Alonso Calleja, Sergi Bacaguer Barbadillo, Ignasi Riera Mas e Miguel Moragues Canela), e o quarto lugar (equipe de Jorge Mário Jáuregui) teve a participação do escritório de Jorge Silvetti, arquiteto argentino radicado nos EUA e professor da Universidade de Harvard.








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Porto, finalmente / O registro é amador, mas serve pra matar a curiosidade: está aí o projeto vencedor do concurso do Porto Olímpico, de João Pedro Backheuser (Doica) e equipe. Os demais premiados foram Roberto Aflalo Filho (segundo lugar), Francisco Spadoni (terceiro lugar), Jorge Mário Jáuregui (quarto lugar), Eduardo Mondolfo e Daniel de Barros Guzman (menções honrosas). Todos os 83 projetos habilitados no concurso estão em exposição até o final de julho no IAB, que esta manhã estava lotado - e bonito - como nunca.




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Agenda / Depois de meses de muita expectativa, finalmente sai amanhã, terça, o resultado do concurso de projetos do chamado "Porto Olímpico". A cerimônia será às 10 horas no IAB (Rua do Pinheiro, 10, Flamengo), onde todos os projetos que participaram do concurso também estarão expostos.


E à noite tem também o lançamento do livro "Warchavchik. Fraturas da vanguarda", com uma mesa-redonda com o autor, José Lira (USP), Margareth Pereira (UFRJ) e eu, como mediadora. Na Livraria da Travessa do Leblon, às 19:30.








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Veneza / A nota saiu hoje na mesma coluna "Gente Boa", do jornal O Globo. E as fotos são de Abilio Guerra, a quem agradeço.
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Bienal de Veneza /

Caro Neville D'Almeida,

como eu lhe respeito, me sinto na obrigação de lhe dizer, um pouco constrangida, que o pavilhão do Brasil em Veneza é projeto de um dos maiores arquitetos brasileiros do séc XX: Henrique Mindlin (junto com Giancarlo Palanti, Walmyr Amaral e Nino Marchesin). É verdade que o pavilhão, projetado entre o final da década de 1950 e início da década de 1960, está em estado deplorável. Mas por que não cuidamos de recuperá-lo, devolvendo-lhe a sua dignidade? Seria também uma bela homenagem a Mindlin, cujo centenário de nascimento se celebra justamente este ano.

No mais, já pensou se todos os edifícios que estão em mau estado de conservação em Veneza fossem derrubados? E se fosse esse o caso, deveríamos entregar a tarefa de construir um pavilhão "ao nível da grande arte brasileira" a uma empreiteira, como você propõe? Não seria o caso de fazer um concurso público, convocar os melhores arquitetos brasileiros, ou quem sabe entregar o projeto a Paulo Mendes da Rocha, simplesmente?

Caro Neville, desculpe o meu tom assim um pouco aflito, mas por último quero lhe dizer também que em arquitetura, como em arte, tamanho nunca foi documento. Se o espaço expositivo é insuficiente, que se projete uma extensão, um anexo, outro pavilhão até. Já basta termos perdido o edifício do Jornal do Brasil, também projetado por Mindlin, no Rio.

Um abraço,
Ana Luiza Nobre


(a nota saiu hoje na coluna "Gente Boa", do jornal O Globo).

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Skate livre / Domingo, os skatistas do Rio voltam à Praça XV. O que eles querem? Praticá-la. Mas não pode.


Então eles saem às 10:00 do Monumento a Estácio de Sá e vem deslizando pelo Aterro até a Praça, onde a programação termina com um campeonato de manobras, às 15:30.


Eles organizaram também um abaixo-assinado, "pela autorização da prática do skate na Praça XV; pelo fim da repressão da Guarda Municipal e Polícia Militar à prática do skate na Praça; pela adequação do mobiliário urbano da Praça XV à prática do skate; pela determinação de horários para a prática do skate, fora dos horários de maior movimentação de pedestres na Praça."


Está tudo aqui: http://ilovexv.com.br/


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Porto, finalmente /
A notícia que todos esperavam: o resultado do concurso do Porto Olímpico será anunciado dia 28, às 10 da manhã, em cerimônia no IAB.
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Saara / Discutia o projeto de dois alunos do segundo ano, quando um deles, nitidamente cansado dos meus argumentos, me perguntou: "mas professora, isso não é suficiente?" Os olhos dele, exaustos, diziam: já fiquei horas na prancheta, já resolvi o programa, a planta está desenhada, o que mais você quer de mim? Fiquei meio sem fala, porque a verdade é que quero muito mesmo. Mas esse muito pode bem ser quase nada, porque a arquitetura (e a cidade) também se fazem de atos quase insignificantes, mas transformadores.

Então, se ainda posso querer alguma coisa de vocês, meus caros alunos, é que leiam Borges:
"A uns trezentos ou quatrocentos metros da Pirâmide me inclinei, peguei um punhado de areia, deixei-o cair silenciosamente um pouco mais adiante e disse em voz baixa: Estou modificando o Saara."


("O deserto". in Atlas, Companhia das Letras, 2010. Obrigada, Ciro)




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Um tempo áureo, dizem, vem por aí.






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Toscano / Faleceu ontem o arquiteto João Walter Toscano. Recentemente, ao mergulhar sob a Estação da Luz, de volta da Mooca, falei tanto dele. Aquela arquitetura que é puro fluxo me move como poucas.


Voltei querendo lhe telefonar, e marcar a visita tantas vezes adiada ao Pátio da Vila Sonia, recém-inaugurado, e quem sabe ainda à sua casa na Praia dos Arquitetos. Agora não sei o que dizer. Mas as ruas de São Paulo não serão mais as mesmas. Nem os trens, nem as estações, nem eu.


Releio com dificuldade o texto que escrevi para o seu último livro (João Walter Toscano, J.J.Carol, 2007):




"FIRMEZA E FLUIDEZ
Se fosse possível resumir a obra de João Walter Toscano num único projeto, seria inevitável pensar no terminal da Estação da Luz. Em certo sentido, esse parece ser o ponto culminante de um longo processo iniciado duas décadas antes, no Largo 13, com a premiada estação à qual se seguiu a linhagem de projetos urbanos que hoje constitui um dos veios mais fortes da obra de Toscano.

À diferença, no entanto, de seus antecedentes – como a própria Estação Largo 13, o Terminal Princesa Isabel ou a Estação Pêssego – o projeto para a Estação da Luz não tem presença na paisagem de São Paulo. A não ser pela sinalização visual, não se tem notícia do projeto até que se mergulhe sob a gare centenária. Só então a arquitetura de Toscano se apresenta: uma via de comércio banhada por luz zenital, bilheterias, salas de operação, escadas rolantes, plataformas de embarque e desembarque. Uma rede de espaços por onde circula, dia e noite, o fluxo espantoso de passageiros que constitui nada menos que a própria atividade estruturadora do projeto.

O desafio está justamente em confrontar-se com esse transitar coletivo e intermitente que a bem dizer resume o cotidiano metropolitano. E isso implica, claro, uma espécie de raciocínio essencialmente refratário a qualquer ordem estável, além de uma problematização da própria categoria tradicional de espaço. Nesse sentido, a experiência que essa arquitetura produz – projeto por princípio sem exterioridade nem forma – parece encontrar pontos de contato com a definição de “arquitetura líquida” de Ignasi Solá-Morales: “uma arquitetura que substitui a firmeza pela fluidez e a primazia do espaço pela primazia do tempo”
. Mas essa definição só caberia, para Toscano, até certo ponto. Longe de se bater contra o atributo vitruviano, o arquiteto sustenta a tensão entre firmeza e fluidez, e não se apressa em resolvê-la. "

Que o Rio guarde pelo menos um dos últimos projetos de Toscano, apresentado no concurso para a biblioteca da PUC.
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Sábado / Zanzando pelo centro da cidade, viro na Rua do Ouvidor e entro na Livraria Folha Seca, o melhor endereço para quem procura livros sobre o Rio. E não é que saio com um autografado por Cássio Loredano? Comemoro com um café na Confeitaria Cavé, na Uruguaiana, onde depois das três um doce vale por dois. Porque hoje é sábado. E por que não?