Posto 8 / ago 12

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Fios Cortantes / Alguém me disse estes dias que encontrou minha tese de doutorado inteira na Internet ("Fios Cortantes. Projeto e Produto, Arquitetura e Design no Rio de Janeiro. 1950-70", PUC-Rio, 2008). Bom, falta o volume das imagens - fundamental para a compreensão das idéias expostas, acho eu -, mas o texto está mesmo aqui: http://pt.scribd.com/doc/90670016/Fios-Cortantes-Ana-Luiza-Souza-Nobre
(e a quem se deu este trabalho, obrigada)
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Lucio Costa / O catálogo da exposição "A arquitetura portuguesa no traço de Lucio Costa" será lançado  no próximo sábado, dia 28, às 18 horas, no Centro Cultural da Caixa Economica (Avenida Almirante Barroso, 25), com distribuição gratuita para quem estiver lá.  E no dia 2/08, às 18 hs, haverá uma mesa redonda no mesmo local, com José Pessoa (curador da exposição, junto com Maria Elisa Costa), Jorge Hue, Renata Araújo e Eduardo Costa.


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Concurso para jovens arquitetos / O terreno é na Barra, perto do Parque Olímpico e à beira da Lagoa de Marapendi - uma área hoje degradada, que deverá ser recuperada para se tornar sede do campo olímpico de golfe (esporte que voltará aos jogos olímpicos no Rio, depois de um século de ausência). O programa inclui a sede da Confederação Brasileira de Golfe, restaurante, áreas de apoio e serviço. 
O concurso é nacional, e desta vez destinado exclusivamente para arquitetos com até 15 anos de formação (rara oportunidade para jovens e recém-formados). As inscrições estarão abertas entre 23 de julho e 20 de agosto e o lançamento é amanhã, no IAB, junto com a cerimônia de posse da nova diretoria nacional - agora, também presidida por Sergio Magalhães.
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Cais do Valongo / Que uma cidade é feita de muitas camadas, já sabemos. Roma, afinal, está lá, com suas ruínas milenares a pelo menos uns 10 m abaixo do nível da rua por onde hoje circulam turistas, carros, ônibus, lambretas... Mas no Rio, por algum motivo, andamos meio esquecidos disso. Deve ser porque temos uma quantidade incomum de marcos naturais extraordinários (as “montanhas sem vale”, que tanto fascinaram Max Bense), e acabamos nos habituando a olhar mais pra cima que pra baixo. 

Daí minha excitação ao saber que as obras na região portuária estão trazendo à tona vestígios há muito tempo escondidos sob o asfalto, guardando secretamente traços físicos da história da cidade. O mais impressionante deles eu vi hoje: o Cais do Valongo, na esquina das ruas Barão de Teffé e Sacadura Cabral.   

O cais foi construído em 1811, pouco depois da chegada da Corte portuguesa no Brasil, com o objetivo de transferir o desembarque e comércio de escravos do Terreiro do Paço (atual Praça XV), área mais nobre da cidade. Aí desembarcaram centenas de milhares de escravos vindos da África, e também a princesa Thereza Cristina, que iria se casar com D Pedro II e tornar-se imperatriz do Brasil. Por causa dela, o cais de pedra foi reformado, alargado e embelezado (em 1843), e rebatizado com o nome pomposo de Cais da Imperatriz. Depois, com a modernização do porto, ele foi aterrado (em 1911), como toda a região ao pé do Morro da Conceição, e perdido. Até que as obras recentes revelaram uma pedra, outra, um degrau... Agora o cais é ponto-chave do chamado Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, um roteiro a ser feito a pé, que inclui a Pedra do Sal, o Cemitério dos Pretos Novos, os Jardins Suspensos do Valongo e o Largo do Depósito – e como é possível que tenhamos esquecido isso tudo?

 
Em nenhum outro lugar da cidade a brutalidade da escravidão é tão gritante e tão pública.  E ainda que nada indique, por ora, que essas pedras secas um dia mergulharam no mar (senão uma placa com o mapa atual da região), sou imediatamente tocada pela violência do sistema sócio-econômico que arrastou-as até aqui, e foi em grande parte responsável também pela evolução urbana da minha cidade.

Sei que o mar está logo ali. Mas olhando em direção a ele, o que vejo agora é a construção provisória e anódina que abriga a ultra-midiática exposição da prefeitura sobre os empreendimentos na região. E mais adiante, a avenida Rodrigues Alves, a Perimetral, e o muro de algum armazém. Preciso ao menos de uma fresta. Um fio d’água, que seja, onde eu possa mergulhar minha dor e vergonha.
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Li ontem no jornal: o mobiliário urbano da área portuária será projetado por Norman Foster e Philip Starck.
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Raphael e Emygdio / Rodrigo Naves e Heloisa Espada afirmam que eles são artistas, e modernos. Se é assim, vou ver na exposição que abre dia 14, sábado, no Instituto Moreira Salles, com mesa-redonda com os curadores (às 17 hs). Junto, abre também uma mostra sobre a psiquiatra Nise da Silveira, que cheguei a conhecer uma vez no Engenho de Dentro, num dia que nunca me saiu da cabeça, e talvez nunca tenha existido.

Posto 7 / jul 12

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Cidade-Paisagem. E agora, Patrimônio Mundial pela Unesco.