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Ser Urbano / Teve arrastão na Gávea hoje. Era um bando de uns 60. O que colou está por aí.


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Projetos, Projéteis / O Ser Urbano começou com um tiro certeiro: a visita ao Complexo Esportivo de Deodoro, do escritório mineiro BCMF (preciso escrever sobre isso!). Ontem uma mesa redonda reuniu arquitetura (Guilherme Wisnik), design (Andre Stolarski) e jornalismo (Raul Justes) para discutir a relação entre grandes eventos e a reconstrução da imagem de cidades. E na correria da semana, nem deu pra avisar antes: o lançamento do concurso para instalações olímpicas na área portuária foi adiado para dia 5, às 10 da manhã, no Palácio da Cidade.

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Concursos! / Depois de lançar, em convênio com a Secretaria Municipal de Habitação, o concurso "Morar Carioca - Conceituação e Prática em Urbanização de Favelas" (cujas inscrições estão abertas até 29 de novembro), o IAB-RJ lança terça próxima um concurso nacional de projetos de instalações olímpicas na região portuária. O lançamento será no Palácio da Cidade, em Botafogo, e as inscrições estarão abertas até 3 de dezembro. Mais informações aqui: www.iabrj.org.br


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Ser Urbano 2: Cidade Projétil / A programação da Semana de Arquitetura da PUC já está aqui: http://www.caaupuc.com/serurbano Os eventos são gratuitos e abertos a todos, mas para participar do workshop "Vai Colar?" e da visita ao Complexo de Deodoro convém se inscrever o quanto antes.
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Ser Urbano / O campus da PUC vai esquentar na próxima semana com o Ser Urbano, semana de arquitetura e urbanismo organizada pelo Centro Acadêmico da Arquitetura, que já chega à sua quinta edição. O tema deste ano, "Cidade Projétil", coloca em pauta o futuro do Rio, em vista das perspectivas abertas com grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Haverá mesas-redondas, worskhops, festival de cinema, performances e mais. Além de vários professores do Curso, o evento contará com a presença, entre outros, de Nelson Brissac Peixoto, Cecilia Cotrim, Guilherme Wisnik, Amalia Giacomini, Francisco Cadau, Gerardo Caballero, Alvaro Puntoni, Sergio Magalhães, e dos coletivos Líquida Ação e Heróis do Cotidiano. A semana começa com uma visita guiada ao Complexo Esportivo de Deodoro, projeto premiado do escritório mineiro BCMF, que foi concebido para o Pan e será usado também nas Olimpíadas. Mais informações aqui, em breve.











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Panoramas do Rio / Vindo do Museu de Belas Artes, onde enchi os olhos com os magníficos panoramas da cidade que integram a Coleção Brasiliana Itaú, desci em Ipanema e tive o ímpeto de visitar o mirante recém-inaugurado. Foi bem mais fácil do que eu pensava. Uma das saídas do metrô me conduziu diretamente ao elevador, e então bastou subir alguns lances de escada para chegar ao topo, onde um panorama ainda mais impressionante me aguardava: 360 graus ligando a praia de Ipanema, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Cristo Redentor e o Morro do Cantagalo.

No mirante havia umas 15 pessoas. Todos turistas, como eu. Um jovem distribuía folhetos e oferecia, por 10 Reais, "um encontro direto com a comunidade". "Mas tem que andar rápido", avisava. Um policial fortemente armado e vestindo um colete à prova de balas falava inglês fluentemente. Se não me engano, foi ele mesmo que, já na subida, gentilmente recomendou que descessemos antes das 18 horas. "O elevador funciona 24 horas, mas é que vocês não são da comunidade." Entendido. Disparei a câmera sobre a fresta existente acima do vidro - blindado, claro - e registrei, neste cenário louco, o último pôr do sol de verdade do ano.
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Não é só a mim que o corte fere. Ver comentários no post abaixo.















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Pruitt-Igoe no Fundão / "A arquitetura moderna morreu em St Louis, Missouri, no dia 15 de julho de 1972, às 3:32 da tarde." A notícia já corria há alguns anos quando chegou até mim por meio do livro que ganhei de um amigo, ainda na Faculdade. The Language of Post-Modern Architecture, de Charles Jencks, tomava a implosão do conjunto habitacional de Pruitt-Igoe como um marco simbólico do fim dos ideais da arquitetura moderna. E isso porque, apesar de ter se guiado pela cartilha modernista, e depois de premiado pelo Instituto Americano de Arquitetos, o projeto de Minoru Yamasaki (coincidentemente, o mesmo arquiteto das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York) fora condenado pelo vandalismo e acabara vindo abaixo numa demolição espetacular, que para muitos arquitetos serviu como argumento para justificar a necessidade de corrigir os rumos da arquitetura e passar a limpo uma tradição de arrogância associada ao Movimento Moderno.

Reencontrei a imagem do edifício vindo abaixo no sinistro koyaanisqatsi, filme dirigido por Godfrey Reggio com música de Philipp Glass. Mas confesso que passei meio ao largo disso tudo enquanto estava na Faculdade. Mesmo porque, embora vivesse me arrastando pelos corredores sombrios da escola, não encontrei um professor que tivesse me indicado textos teóricos mais contemporâneos, fossem os de Jencks, Venturi, Banham ou Eisenman.

Talvez a arquitetura brasileira ainda não tenha vivido o seu Pruitt-Igoe, cheguei a pensar anos depois, quando comecei a dar-me conta do quanto nos apartamos do debate teórico contemporâneo em arquitetura. É claro que tivemos bons arquitetos depois de Brasília. Mas também assistimos a uma miscelânea de interpretações equivocadas e superficiais da linguagem pós-moderna, que pouco contribuíram para a saída do difícil impasse vivenciado então pela arquitetura brasileira: de um lado, ainda tomada pela presença de Oscar Niemeyer, de outro, movida pelo componente de rebeldia próprio da geração de arquitetos formados no período mais negro da ditadura militar.

Recentemente, ao assistir à demolição do obelisco de Paulo Casé, em Ipanema, pensei que talvez estivesse ali, enfim, o nosso Pruitt-Igoe. Só que às avessas: a demolição do pós-moderno, na sua pior versão, talvez pudesse ser lida como um marco do esclerosamento da reação pueril que se seguiu à arquitetura moderna por aqui.

Pois agora confirma-se a implosão da chamada "perna seca" do Hospital Universitário, um gigantesco edifício de 220.000 m2 projetado por Jorge Machado Moreira e equipe na década de 1940, na Ilha do Fundão: será no dia 19 de dezembro, às 8 horas da manhã. A primeira etapa do processo consiste na demolição manual da ligação entre as duas alas do hospital - uma ocupada, outra há muito abandonada. Iniciada em agosto, esta etapa visa a abertura de um vão de 20 metros de largura entre as duas alas a fim de isolar a ala sul, cuja estrutura está seriamente comprometida, e evitar que a parte ocupada do hospital seja afetada por vibrações resultantes da implosão (muito embora estejam previstas a transferência dos pacientes e a suspensão de todas as atividades acadêmicas, para que a implosão seja feita com o prédio inteiramente evacuado).

Mas o problema é que esse corte, que já vejo à distância, começa a me doer. E é uma dor estranha, que vem se somar à que já senti quando me deparei com as ruínas do hospital no belo documentário de Pedro Urano e Joana Traub Csekö (“HU”, 2009).

Não é que esse edifício me seja particularmente caro. Ao contrário, nunca gostei de saber que meu irmão, hoje médico, dormia ali na década de 80. Nem gostei muito de entrar ali acompanhando um amigo, anos depois. Não obstante sua pureza formal, o edifício – semi-ocupado, semi-deserto - sempre me meteu medo.

Diante dele, não há como não pensar em todos os desvarios que foram erguidos em nome da arquitetura moderna. Mas também em todos os desvarios que se seguiram – na arquitetura, na saúde pública, na política-, e obstaculizaram tanto a conclusão do hospital quanto o uso da parte nunca inaugurada do prédio para outros fins (como um hotel ou um alojamento, quem sabe).

O fato é que a demolição parcial do Hospital Universitário vai gerar mais uma mutilação irreparável na paisagem e no patrimônio da arquitetura moderna do Rio de Janeiro, que já padece com o corte feito ao edifício em curva de Affonso Eduardo Reidy na Gávea, nos anos 80. Então mesmo que a demolição seja necessária, que o custo da recuperação do edifício inteiro seja inviável, e até que este seja o ônus a ser pago pela utopia modernista, eu acho que estarei no Fundão no último domingo antes do Natal, com a câmera na mão, e os olhos molhados.

(As fotos foram feitas nos últimos dias por José Barki e Felipe Nobre, a quem agradeço. Mais detalhes da implosão aqui:
http://www.ufrj.br/implosaohu/)

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Entre Morros e Mares / Queria fazer um filme sobre o Rio. Mas como, se não tenho experiência alguma em cinema? Não sei, mas depois de dois anos, ele está quase pronto - e sinceramente, tenho achado-o bem bonito. "Entre morros e mares" é um documentário de 24 minutos entrelaçando história da cidade e história da técnica, realizado por uma verdadeira "tropa de elite" formada basicamente por alunos dos Cursos de Cinema e Arquitetura da PUC, com verba da Faperj. Enfim, uma grande aventura, que começa a encontrar seu público com a última edição da revista ComCiencia, da Unicamp: http://www.comciencia.br/comciencia/.

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Começa amanhã e vai até sábado, no MAM, o Fórum Cidade Criativa, coordenado pela coreógrafa Regina Miranda. O objetivo é reunir pessoas de várias áreas para discutir o que o Rio pode ser nos próximos anos. A programação completa está aqui: http://www.cidadecriativa.org/
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"Como eu me sentiria se o mundo fosse plano"? A pergunta do artista alemão Anselm Kiefer não me sai da cabeça desde que vi o belíssimo documentário sobre sua obra ("O verde cobrirá as suas cidades"), que passa estes dias no Festival de Cinema.

Posto 10 / out 10

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Foster in Rio / O Festival de Cinema apresenta hoje mais um documentário sobre arquitetura: "How much does your building weigh, Mr Foster"? passa no Estação Botafogo às 13:30 e às 17:30. O filme sobre o arquiteto inglês Norman Foster - autor de projetos grandiosos e polêmicos como o novo Reichstag de Berlim, a Ponte de Millau, na França, e a cidade de Masdar, em Abu Dhabi - tem roteiro e narração de Deyan Sudjic, diretor do Museu de Design de Londres. E a pergunta, claro, vem de Buckminster Fuller. O filme reprisa quarta, no Oi Futuro Ipanema, às 15:00, e quinta, no Cine Glória, às 18:00.